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Extrema direita tem avanço expressivo em eleições regionais na Espanha

Vox rouba espaço da centro-direita e pode entrar para governo junto do Partido Popular
Líderes do Vox em comício para celebrar o resultado das eleições regionais de Castilla y León Foto: Reprodução
Líderes do Vox em comício para celebrar o resultado das eleições regionais de Castilla y León Foto: Reprodução

MADRI - A tradicional sigla conservadora Partido Popular chegou em primeiro mas não obteve maioria absoluta nas eleições regionais de Castela e Leão, no Centro da Espanha, em eleições regionais antecipadas marcadas pelo forte avanço do partido de extrema direita Vox, que pode entrar para o governo.

Na Espanha, um país altamente descentralizado, as regiões têm amplos poderes e as eleições regionais geralmente têm implicações nacionais.

De acordo com os resultados quase definitivos, o PP obteve 31,4% dos votos, à frente do Partido Socialista (PSOE), do premier Pedro Sánchez, com 30% dos votos. O partido de extrema direita Vox ficou em terceiro lugar com 17,6% de apoio.

Assim, o PP conquistou 31 cadeiras em 81 no parlamento regional, longe da maioria absoluta que lhe permitiria governar sozinho. Por sua vez, o Psoe obteve 28 assentos e o Vox passou de 1 para 13 assentos.

O resultado é "histórico", disse o líder do Vox, Santiago Abascal. Em dezembro, Abascal esteve no Brasil, para participar de um Congresso promovido por Eduardo Bolsonaro. Ele articula uma aliança anticomunista na América Latina.

— O Vox tem o direito e o dever de formar um governo — disse Abascal, abrindo as portas para uma aliança com o PP.

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Marginal há apenas quatro anos, o Vox causou um terremoto político na Espanha no final de 2018, quando entrou pela primeira vez em um Parlamento regional, o da Andaluzia, no sul do país. Em 2019, o partido tornou-se a terceira força política no Parlamento espanhol.

Na Andaluzia e em Madri, o Vox apoia o governo regional governado pelo PP em troca de compensação política, mas sem ter entrado no governo. Nas últimas semanas, o Vox deu a entender que, se o PP precisar de seus votos em Castela e Leão, pedirá para participar do Executivo regional.

O atual presidente regional de Castela e Leão, o conservador Alfonso Fernández Mañueco, disse por sua vez que vai "dialogar com todos". Depois de romper com seus aliados do partido de centro-direita Cidadãos, o próprio Fernández Mañueco convocou essas eleições antecipadas em dezembro, esperando fortalecer sua maioria no Parlamento regional.

Depois de perder terreno em várias eleições, o cidadãos obteve apenas 4,5% dos votos no domingo e mantém apenas um assento no Parlamento, em vez dos 12 que tinha até agora.

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O presidente do governo espanhol, o socialista Pedro Sánchez, particiou vários comícios de apoio ao candidato do seu partido, e o mesmo tem sido feito pelos dirigentes nacionais das principais formações políticas.

Castela e Leão, uma região rural de 2,4 milhões de habitantes, é governada pelo PP há 35 anos.