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Fatos e versões sobre a morte de Osama bin Laden

A morte de bin Laden surpreendeu o mundo e a falta de explicações por parte do goerno americano incitou boatos de que tudo não se passaria de encenação.
A morte de bin Laden surpreendeu o mundo e a falta de explicações por parte do goerno americano incitou boatos de que tudo não se passaria de encenação.

RIO - A operação das forças americanas que matou o líder da al-Qaeda, Osama bin Laden, foi recebida como um grande êxito político e militar, mas à medida que se conhecem mais detalhes da ação sérias contradições também são reveladas. A própria Casa Branca lançou dúvidas ao mudar as versões iniciais dos relatos.

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Segundo a última versão oficial, Bin Laden reagiu, mas não estava armado quando as forças americanas atingiram o terrorista com um tiro na cabeça. O relato contradiz a primeira versão oferecida pelo principal assessor de segurança de Obama, John Brennan, que assegurou que Bin Laden "estava envolvido no tiroteio.

- No quarto com Bin Laden, uma mulher, sua esposa, reagiu e foi atingida na perna, mas não morreu. Bin Laden, então, foi atingido na cabeça e morto. Ele não estava armado - disse Jay Carney, assessor de imprensa da Casa Branca, lendo comunicado oficial.

As divergências ainda continuam quando se trata do objetivo da ação. Numa primeira versão, um oficial disse que as forças especiais dos EUA estavam designadas a matar o líder da al-Qaeda, e não capturá-lo. Mais tarde porém, o procurador-geral dos EUA, Eric Holder, afirmou que era uma "missão de matar ou capturar" e caso Bin Laden tivesse se rendido, os americanos teriam aceitado a proposta.

Ainda segundo as autoridades americanas, Bin Laden e a família estavam no segundo e terceiro andar da fortaleza, e o líder da al-Qaeda só foi morto nos dez minutos finais da ação.

Já um versão apresentada pela filha de 12 anos de Bin Laden dá conta que seu pai foi capturado vivo pelas forças americanas nos primeiros minutos da operação e foi executado na frente de familiares. Segundo ela, o líder da al-Qaeda estava no primeiro andar do complexo em Abbottabad, no Paquistão, quando a ação ocorreu.

Outro relato ainda afirma que o terrorista foi morto por um de seus guarda-costas para evitar que fosse capturado por forças americanas. Uma autoridade paquistanesa disse que, levando em conta a cena de batalha, seria impossível um tiro à queima-roupa por parte das forças americanas.

Em outro desdobramento da polêmica, uma reportagem do jornal "New York Times" mostra que houve pouca resistência às forças especiais dos EUA que entraram na residência de três andares onde Osama bin Laden se escondia em Abbottabad, no norte do Paquistão.

Os agentes trocaram tiros apenas com um homem, o mensageiro de Bin Laden, dentro da casa, segundo a versão. Abu Ahmed al-Kuwaiti teria sido o primeiro a ser morto na ação. De acordo com a versão oficial, foram 40 minutos de intenso tiroteio. MULHER MORTA

Uma mulher foi morta durante ação, mas o governo americano corrigiu a informação, afirmando que não se tratava de uma esposa de Bin Laden. A nova versão do Departamento de Defesa diz que uma das mulheres do terrorista foi apenas atingida na perna quando atacou os militares americanos.

O relato divulgado por Carney indicou que a mulher morta fazia parte de outra família que morava no complexo e foi atingida no primeiro andar e não no terceiro, onde o terrorista estava escondido.

Nem o Departamento de Defesa nem Carney esclareceram quem seria a mulher que teria sido usada como escudo humano e morta no tiroteio, como constava de versão anterior. SUPOSTO PRISIONEIRO

A administração Obama afirmou que apenas o corpo de Bin Laden foi levado do Paquistão. Mas altos oficiais paquistaneses afirmaram ainda à TV saudita Al Arabiya que, além do terrorista, uma segunda pessoa, possivelmente um filho de Bin Laden, foi levada pelas forças americanas. Alguns oficiais afirmam que o menino estava apenas ferido, outros dizem que ele foi morto durante a ação. OPERAÇÃO EM TEMPO REAL

As autoridades também mudaram a descrição de quanta informação Obama recebeu enquanto a operação transcorria no Paquistão. Na segunda, Brennan afirmou repetidamente que ele e outros puderam monitorar a situação "em tempo real". Mas Leon E. Panetta, diretor da CIA, disse em um programa de TV que "uma vez que as equipes entraram no complexo, houve um período de 20 a 25 minutos em que não sabíamos realmente o que estava acontecendo, e houve momentos tensos enquanto esperávamos por informações".