Mundo

França implementará cotas para restringir entrada de trabalhadores imigrantes, diz ministra

Medida é parte de esforços para amenizar preocupações envolvendo imigração no país e avanço da extrema direita
Ministra do Trabalho da França, Muriel Pénicaud, após encontro em Paris Foto: BENOIT TESSIER / REUTERS
Ministra do Trabalho da França, Muriel Pénicaud, após encontro em Paris Foto: BENOIT TESSIER / REUTERS

PARIS - A França irá implementar pela primeira vez cotas para restringir o número de trabalhadores imigrantes de fora da União Europeia , disse nesta terça-feira a ministra do Trabalho francês, Muriel Pénicaud. A medida é buscada há tempos por partidos de direita do país.

Falando à rede de TV francesa BFM, a ministra afirmou que as cotas irão entrar em vigor no próximo verão, no segundo trimestre de 2020. Segundo ela, o governo irá criar uma lista de profissões relevantes que serão cobertas pelas cotas.

— Nossa prioridade é ajudar os franceses a voltarem ao mercado de trabalho. Então receber os refugiados e permitir que encontrem um trabalho — disse Pénicaud.

— Se ainda houver necessidade, para o benefício do país e das empresas, iremos trazer as pessoas que precisamos, dependendo de suas profissões e qualificações profissionais — acrescentou.

O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, afirmou no mês passado que não é contra a introdução de cotas para imigrantes, como parte de um esforço de seu governo para amenizar preocupações envolvendo imigração, aproveitadas por rivais políticos da extrema-direita.

LEIA MAIS: Macron modula estilo para o Ato II do seu governo, quando enfrentará extrema direita

Em outubro, o premier havia esclarecido que o sistema de cotas seria aplicado apenas em vistos de trabalho, sem influenciar nos pedidos de asilo, refúgio e reuniões familiares.  Mesmo assim, afirmou que o sistema de vistos humanitários está operando acima da capacidade.

Em 2018, a França registrou 123 mil pedidos de asilo, 22% a mais que no ano anterior, em um momento em que pedidos caíram no resto da Europa .

A imigração é um dos temas mais sensíveis para o governo do presidente Emmanuel Macron . De um lado, ele é pressionado por boa parte de seus apoiadores para que evite mudanças nos critérios de admissão de estrangeiros. De outro, vê com preocupação o avanço da extrema direita, que tem no combate à imigração uma de suas principais bandeiras. Macron não quer perder sua base consolidada, mas sabe que precisará dos votos dos conservadores na eleição de 2022, sob risco de ser derrotado.