Mundo Coronavírus

Governador de Nova York reage à pressão para retomar economia: 'Não vamos agir às cegas'

Andrew Cuomo diz que número alto de hospitalizações pela Covid-19 indica que ainda é cedo para relaxar medidas de isolamento social no estado
Apesar das medidas de isolamento social, nova-iorquinos foram tomar sol no Central Park Foto: Cindy Ord/AFP
Apesar das medidas de isolamento social, nova-iorquinos foram tomar sol no Central Park Foto: Cindy Ord/AFP

NOVA YORK - O governador de Nova York , o democrata Andrew Cuomo, reagiu neste sábado ao que chamou de pressões prematuras para que retome as atividades econômicas e sociais no estado, dizendo que sabe que as pessoas estão perdendo seus empregos, mas que antes é necessária uma maior compreensão de como o novo coronavírus se comporta.

Enquanto os governadores de quase metade dos estados americanos autorizaram a reabertura parcial do comércio e outras atividades neste final de semana, Cuomo disse que precisa de mais informações sobre a situação da Covid-19 em seu estado, o mais atingido pela doença, antes de afrouxar as medidas de isolamento social.

— Mesmo quando você navega por águas desconhecidas, isso não significa que deva agir às cegas — disse ele. — É preciso usar as informações para determinar a ação, não as emoções, não a política, não o que as pessoas pensam ou sentem, mas o que sabemos em termos de fatos.

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Cuomo mencionou o fato de os hospitais ainda estarem recebendo diariamente 900 casos de Covid-19 como razão para sua cautela.

O governador do vizinho estado de Nova Jersey, Phil Murphy, ecoou as palavras de Cuomo, ainda que tenha relatado “tendências positivas” na evolução da pandemia em seu estado, incluindo a queda do número de pacientes hospitalizados.

Embora as mortes tenham diminuído nos últimos dias em Nova Jersey, elas chegaram a 7.742, atrás apenas de Nova York, o que segundo Murphy é uma das principais razões para manter sua determinação de que as pessoas fiquem em casa.

— A família, os amigos e vizinhos que perdemos são a razão pela qual não podemos apressar a retomada — disse ele em entrevista coletiva. — Precisamos de mais dados positivos antes de retomar responsavelmente nossa economia.

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Depois de tentar  intervir nas medidas de isolamento social determinadas pelos estados, o presidente americano Donald Trump decidiu deixar as decisões sobre a retomada das atividades nas mãos dos governadores. Ao mesmo tempo, porém, ele tem incentivado protestos contra o isolamento social e na última quinta-feira deixou expirar as diretrizes de confinamento e suspensão das atividades não essenciais que haviam sido divulgadas pela Casa Branca no início de março.

Com a economia em queda livre e 30 milhões de postos de trabalho perdidos, Trump teme ver sua reeleição comprometida e já anunciou que na próxima terça-feira vai retomar as viagens de campanha pelo país. Parte de sua estratégia consiste em deixar o ônus das medidas mais duras contra a pandemia com os governadores. Ao mesmo tempo, sob críticas por ter demorado a reconhecer a gravidade do surto , ele tem voltado suas baterias contra a China , à qual acusa de ter permitido que o novo coronavírus se espalhasse pelo mundo.

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Governadores republicanos, como os do Texas e da Geórgia, estão liderando os estados que decidiram retomar as atividades, ainda que parcialmente. Ao todo, os Estados Unidos têm mais de 1,15 milhão de casos registrados da Covid-19, com quase 67 mil mortes.  O estado de Nova York, sozinho, tem 308 mil casos.