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Imperador Akihito deixa o trono e se torna o primeiro a abdicar em 200 anos no Japão

Príncipe Naruhito assumirá trono na era da 'bela harmonia'
Cerimônia de abdicação imperador Akihito Foto: POOL / REUTERS
Cerimônia de abdicação imperador Akihito Foto: POOL / REUTERS

TÓQUIO — O imperador japonês Akihito , de 85 anos, passa o Trono do Crisântemo ao seu filho primogênito, Naruhito, nesta terça-feira. Eles participaram de uma histórica cerimônia em Tóquio para marcar a transição da era Heinei à era Reiwa, que só começará oficialmente à meia-noite (12h desta terça em Brasília).Em seu discurso final no trono, Akihito agradeceu ao povo por seu apoio e expressou esperança por um futuro pacífico.

Sua mulher há 60 anos, Michiko acompanhou a cerimônia ao lado do marido. Primeira plebeia a se casar com um herdeiro imperial japonês, ela construiu com ele papel ativo como símbolo de reconciliação, paz e democracia. Cerca de 300 pessoas estavam presentes no ritual, exibido ao vivo pela televisão.

— Para as pessoas que me aceitaram e apoiaram como símbolo, expresso meus sinceros agradecimentos — disse Akihito, vestido com um casaco de estilo ocidental, no evento no Palácio Imperial. — Junto com a imperatriz, espero do fundo do coração que a nova era Reiwa seja pacífica e frutífera, e rezo pela paz e felicidade de nosso país e das pessoas do mundo.

Espectadores, incluindo turistas estrangeiros, se reuniram do lado de fora do Palácio Imperial, um complexo de 115 hectares no coração de Tóquio, na expectativa pela confirmação da passagem do trono. O nome da nova era Reiwa significa "bela harmonia".

O popular imperador foi o primeiro a assumir o trono depois que, na esteira da Segunda Guerra Mundial, uma nova Constituição do Japão definiu que o imperador não seria mais considerado divindade.  Durante seu reinado, procurou amenizar as lembranças dolorosas da guerra e se aproximar da população, incluindo de setores marginalizados.

Em 2016, em discurso à nação, Akihito disse que temia que a idade avançada o impedisse de cumprir integralmente seus compromissos como imperador. Ele havia passado por um tratamento de câncer de próstata e por uma cirurgia cardíaca. Com a saúde vulnerável, decidiu passar o comando para o filho mais velho. Agora, ele e Michiko serão imperador e imperatriz eméritos, um título recém-criado.

— É uma sorte que eu tenha sido capaz de cumprir meu dever como imperador com a confiança e respeito do povo japonês por 30 anos, desde a minha ascensão ao trono — afirmou Akihito.

No começo do dia, Akihito declarou sua abdicação em santuários dentro do Palácio Imperial, incluindo um que homenageia a deusa do sol Amaterasu Omikami, de quem a mitologia diz que a família imperial é descendente. Vídeo exibido na televisão pública NHK mostrou o imperador, vestido com um manto tradicional laranja escuro e touca preta, caminhando lentamente para o primeiro santuário, seguido por cortesãos, que carregavam uma espada. O príncipe herdeiro Naruhito realizou cerimônia similar.

Após Naruhito, sobram apenas três homens na linha de sucessão: o príncipe Akishino, de 53 anos, segundo filho do casal imperial, o príncipe Hisahito, 12 anos, filho do príncipe Akishino, e o irmão do imperador Akihito, de 83 anos, o terceiro da lista.