TONGA — Uma britânica morreu arrastada pela tsunami que atingiu Tonga neste sábado, após a erupção do vulcão submarino Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai. Angela Glover, de 50 anos, tinha um abrigo de resgate de animais e foi levada por uma onda quando tentava salvar seus cães na capital tongolesa, Nuku’alofa. Trata-se da primeira confirmação de morte pelo desastre.
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A morte da britânica foi confirmada nesta segunda-feira pelo irmão da vítima, Nick Eleini. Ele afirmou que a família está "devastada" com a notícia.
— Foi um choque terrível o que aconteceu conosco — disse Eleini. — Como pode imaginar, a família está devastada. E pedimos respeitosamente que tenhamos privacidade para lamentar — acrescentou, em entrevista à Sky News.
Angela nasceu em Brighton, na Inglaterra, e morava em Tonga com o marido desde 2015, segundo a BBC. O casal foi descrito como amante da cultura tongalesa.
Na nação insular no Pacífico Sul, Angela fundou a Tonga Animal Welfare Society, uma entidade que trabalhava com o resgate de animais. Eleini afirmou que sua irmã tinha "um profundo amor por cães" e sua organização abrigou e reabilitou animais de rua antes de buscar tutores.
— Angela era o coração de nossa família, o coração emocional de nossa família — disse. — Vou sentir falta dela e vou pensar nela todos os dias até quando morrer. Minha mãe está arrasada no momento, absolutamente arrasada — afirmou.
Escassez de informações
Os detalhes dos estragos causados pela erupção do vulcão submarino ainda são escassos — grande parte da rede de comunicação foi perdida após a explosão seguida pela tsunami. No entanto, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) publicou nesta segunda-feira um relatório com um balanço inicial. Os telefones via satélite são o único instrumento para contato com o exterior, mas nem sempre funcionam.
O documento informa que a capital, Nuku’alofa, está coberta por uma camada de dois centímetros de cinzas e poeira vulcânica. A situação na cidade foi descrita como "estável", e os primeiros esforços de limpeza já estão em andamento. A orla está seriamente danificada com rochas e detritos arrastados pela tsunami.
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Danos estruturais significativos foram reportados ao redor da ilha de Tongatapu, a principal do país. Além disso, ainda há regiões com as quais não foi possível fazer contato, como o arquipélago de Ha'apai. Há preocupação particular em relação a duas pequenas ilhas: Mango e Fonoi. Um sinal de socorro ativo foi detectado em Mango. Nenhum dano significativo foi relatado no aeroporto de Fua'amotu e ainda não foram feitas avaliações nos portos de Nuku'alofa e 'Eua.
Os sistemas telefônicos locais estão sendo restaurados e a energia elétrica também foi restaurada em algumas partes da capital. Não há mortes confirmadas até o momento.
Nesta segunda-feira, a Austrália e a Nova Zelândia enviaram voos de reconhecimento para tentar avaliar a completa extensão dos danos na pequena nação insular. A primeira tentativa aérea foi realizada uma dia antes, mas a operação não teve sucesso porque havia uma espessa nuvem de cinzas de 19 mil metros de altura na região.
O ministro do Pacífico da Austrália, Zed Seselja, disse que os relatos iniciais não sugerem muitas vítimas, mas a polícia australiana visitou praias e relatou danos significativos com "casas destruidas".
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O governo de Tonga está preocupado com o risco de entregas de ajuda espalharem a Covid-19 para a ilha, que é livre do vírus. Qualquer ajuda enviada a Tonga precisaria ser colocada em quarentena e provavelmente nenhum pessoal estrangeiro teria permissão para desembarcar de aeronaves.
A Cruz Vermelha disse que está mobilizando sua rede para responder ao que chamou de a pior erupção vulcânica no Pacífico em décadas.
Katie Greenwood, chefe da delegação do Pacífico para a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, disse à Reuters que até 80 mil pessoas podem ter sido afetadas pela tsunami.
O Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai entrou em erupção várias vezes nas últimas décadas, mas o impacto da erupção de sábado foi sentido em Fiji, Nova Zelândia, Estados Unidos e Japão. Duas pessoas morreram afogadas em uma praia no norte do Peru devido a "ondas anormais" após a erupção seguida por tsunami.