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Jihadistas de Moçambique atacam próximo a projeto gasífero bilionário de multinacional

Estimado em US$ 20 bilhões, empreendimento da Total é o maior investimento privado do continente africano; ataque já é o terceiro no Norte do país em um mês
Centenas de pessoas deslocadas foram abrigadas no Centro Agrrio de Napala nos últimos meses, fugindo de ataques de rebeldes armados em diferentes áreas da província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique Foto: ALFREDO ZUNIGA / AFP/11-12-2020
Centenas de pessoas deslocadas foram abrigadas no Centro Agrrio de Napala nos últimos meses, fugindo de ataques de rebeldes armados em diferentes áreas da província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique Foto: ALFREDO ZUNIGA / AFP/11-12-2020

MAPUTO — Forças moçambicanas entraram em confronto com jihadistas nesta terça-feira na cidade de Monjane, no que foi o ataque mais próximo a um projeto gasífero da multinacional Total desde que o Estado Islâmico começou a reivindicar responsabilidade pela violência na região no ano passado, segundo três pessoas a par do assunto.

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O ataque começou nas primeiras horas da manhã de hoje, cerca de 5 quilômetros ao sul do perímetro de isolamento do projeto de US$ 20 bilhões da Total, de acordo com fontes que não quiseram ser identificadas pois não estão autorizadas a falar com a imprensa. O empreendimento é o maior investimento privado do continente africano.

A ofensiva desta terça-feira aumenta os temores de que os combatentes — que os habitantes locais chamam de al-Shabaab, mas que não estão alinhados com o grupo somali de mesmo nome — possam ter como alvo o projeto de gás natural liquefeito (GNL).

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Moçambique disse na semana passada que suas forças de segurança repeliram um ataque de jihadistas na cidade de Mute, cerca de 21 quilômetros ao sul do projeto. Foi a segunda incursão à cidade localizada no Norte da província de Cabo Delgado neste mês.

A Total acompanha de perto a situação e mantém contato estreito com o governo na região, informou a empresa em resposta a perguntas por e-mail.

Em agosto, combatentes tomaram a cidade portuária de Mocimboa da Praia, cerca de 42 quilômetros ao sul de Mute, aumentando as apostas em um conflito que matou cerca de 2.500 pessoas e fez com que 570 mil fugissem de suas casas desde que começou, há três anos.

O governo de Moçambique tem lutado para conter a insurgência e o presidente Filipe Nyusi tem enfrentado críticas por recusar ajuda externa. Líderes da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral devem se reunir em janeiro para chegar a um acordo sobre um plano para evitar que o conflito se espalhe além das fronteiras de Moçambique.