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Líder do Partido Trabalhista pede desculpas ao eleitorado após derrota massacrante no Reino Unido

Jeremy Corbyn vai renunciar ao cargo, após pior resultado nas urnas desde 1935
O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, fotografado próximo à sua casa Foto: TOBY MELVILLE / REUTERS
O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, fotografado próximo à sua casa Foto: TOBY MELVILLE / REUTERS

LONDRES - O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, e o deputado John McDonnell pediram desculpas ao eleitorado pela derrota “catastrófica” na eleição de quinta-feira, em que que perderam 59 assentos.

Corbyn disse que “sentia muito por ter ficado aquém”, enquanto McDonnell afirmou à BBC que “é dono desse desastre”. Os dois confirmaram que renunciariam de suas posições no partido em 2020.

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Este foi o pior resultado para os trabalhistas desde 1935, elegendo apenas 203 deputados. Os conservadores, por sua vez, levaram a maioria absoluta, abocanhando 365 assentos. Ao menos 24 circunscrições tradicionalmente trabalhistas optaram pelos conservadores pela primeira vez em quase um século.

Corbyn já havia anunciado a decisão de renunciar à liderança do Partido Trabalhista e, neste domingo, pediu que o partido passe por um “período de reflexão” e convoque um congresso para escolher seu sucessor no cargo.

A corrida por seus substitutos, entretanto, já começou: a deputada Lisa Nandy disse, pela primeira vez, que estava “pensando seriamente” em concorrer.

McDonnell disse que caberia ao Comitê Executivo Nacional do Partido Trabalhista decidir a mecânica da eleição para escolher sua nova liderança, mas esperava que isso acontecesse dentro de oito a dez semanas.

Corbyn pediu desculpas a seus apoiadores em dois artigos nos jornais de domingo, classificando o episódio como “um duro golpe para todos que precisam desesperadamente de mudanças reais em nosso país” .

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Em uma carta aberta no Sunday Mirror, ele afirmou que assume sua “responsabilidade” pelo resultado, mas disse permanecer “orgulhoso” pela campanha do partido.

Ele se repetiu no artigo publicado pelo Observer, dizendo que sua própria campanha eleitoral havia redefinido com sucesso os termos do debate e que seu manifesto seria visto como “historicamente importante”.

Mais mulheres

O premier britânico, Boris Johnson , liderou a acachapante vitória do Partido Conservador com um slogan bastante claro: “realizar o Brexit”. Apesar de ter 80 parlamentares a mais do que a soma dos deputados dos demais partidos, vantagem que lhe dá uma carta branca para aprovar o divórcio britânico, o processo promete não ser tão fácil quanto parece.

A nova sessão do Parlamento deverá ter início já na próxima quinta-feira, dia 19, sendo inaugurada, como é de praxe, pelo discurso da rainha Elizabeth II. A discussão sobre o acordo de saída deverá começar já no dia seguinte. Isso significa que as datas prováveis para uma segunda votação da lei cairiam entre a próxima sexta-feira, dia 20, e a segunda-feira, 23.

Apesar de o Partido Conservador ter obtido uma vitória considerada histórica , há quem esteja comemorando por outros motivos. As mulheres passam a representar pouco mais de um terço dos membros do Parlamento, ocupando 220 cadeiras da 650 existentes na Câmara baixa britânica — 12 cadeiras a mais em comparação com a eleição anterior.

Mas, no ritmo atual de progresso, ainda serão necessárias décadas para que se alcance uma igualidade, de acordo com ativistas do grupo 50:50 do Parlamento, que realizou uma campanha para incentivar mulheres a se candidatarem.