DAMASCO — O número de refugiados que escaparam da sangrenta guerra civil síria já supera cinco milhões, segundo anunciou nesta quinta-feira o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). Segundo a agência e o governo turco, o número atual de refugiados sírios é de 5.008.473, dos quais 488.531 vivem em acampamentos improvisados. Em seis anos de conflito, cidades e famílias foram completamente devastadas, deixando para trás apenas ruínas do que um dia já foi a Síria. Para fugir de perseguições e bombardeios, muitas pessoas se viram obrigadas a deixar seus lares e procurar refúgio em outros países, desencadeando a maior crise migratória desde a Segunda Guerra Mundial.
No fim de 2015, os refugiados sírios já chegavam aos 4,6 milhões. E o número ainda aumentou para 4,85 milhões ao longo de 2016. Durante os três primeiros meses do ano, outros 250.000 sírios se registraram como refugiados, indicou o Acnur, sem apresentar uma explicação para o aumento repentino.
"Quando o número de mulheres, homens e crianças em fuga de seis anos de guerra na Síria passa da marca de cinco milhões, a comunidade internacional precisa fazer mais para ajudá-los", afirma o Acnur em um comunicado.
Segundo o Acnur, 90% dos refugiados sírios vivem abaixo da linha da pobreza e ao menos 10% são considerados extremamente vulneráveis.
Antes de ser devastada pelos confrontos, a Síria contava com 23 milhões de habitantes. Metade da população, no entanto, se viu obrigada a deixar seus lares para fugir da violência. Além dos 5 milhões de refugiados, hoje, há cerca de 6,6 milhões de deslocados: pessoas que tiveram que abandonar suas casas para se abrigar em campos no território do seu país.
O futuro das crianças sírias fora do país é preocupante: 2,3 milhões de crianças sírias são refugiadas em outras partes do Oriente Médio.
E dentro do país a situação é ainda mais grave: anteriormente, a ONG Save The Children advertiu em um relatório que a guerra civil está provocando uma grave crise na saúde mental das crianças . Em meio a traumas, depressão e medo, a organização revelou que grande parte dos menores está sofrendo de estresse tóxico, estresse pós-traumático e situações extremas. Algumas delas chegam a condições extremas, como autoflagelação, tentativas de suicídio e até perda da fala.
A Turquia, que se vê no epicentro da crise migratória, é o país que abriga o maior número de sírios deslocados pela guerra: quase três milhões de pessoas. Em seguida, aparecem o Líbano, com mais de um milhão de refugiados, e a Jordânia, com 657 mil. Em menor medida, estão Iraque, Egito e outros países do norte da África.
Centenas de milhares de sírios também fugiram para a Europa durante o conflito, mas nem todos receberam o status de refugiado. A chegada da massa de imigrantes desestabiiza as políticas de livre circulação entre os países-membros da União Europeia (UE), além de ter levado as nações a refazerem seu plano de acolhimento aos recém-chegados ao longo do último ano.