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Marine Le Pen lança novo partido de extrema direita no Parlamento Europeu

'Identidade e Democracia' reunirá nacionalistas de França, Itália, Alemanha e outros 8 países
O italiano Marco Zanni, da Liga, aperta a mão da francesa Marine Le Pen durante uma entrevista coletiva em Bruxelas Foto: ARIS OIKONOMOU / AFP 12-6-19
O italiano Marco Zanni, da Liga, aperta a mão da francesa Marine Le Pen durante uma entrevista coletiva em Bruxelas Foto: ARIS OIKONOMOU / AFP 12-6-19

BRUXELAS - Em uma entrevista coletiva em Bruxelas na manhã desta quinta-feira, Marine Le Pen, da França, anunciou a formação de um novo grupo de extrema direita no Parlamento Europeu . O partido deve se chamar Identidade e Democracia e reunirá partidos eurocéticos de nove países, incluindo a Reunião Nacional, de Le Pen, a Liga, do vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, e a Alternativa para a Alemanha (AfD), além de ultranacionalistas da Áustria, Estônia, Finlândia e Dinamarca.

O grupo terá 73 dos 751 assentos do Parlamento Europeu e é o quinto maior partido no recém-eleito Legislativo, logo atrás dos Verdes . A agenda contra a imigração e a redução do poder da União Europeia em favor dos Estados nacionais estarão entre as suas principais bandeiras. A nova legenda substitui o grupo Europa das Nações e Liberdade (ENL), que detinha 36 lugares na última legislatura da UE.

O crescimento se explica principalmente em função da Liga , que conquistou 23 assentos, passando de 5 para 28 representantes, e da Alternativa para a Alemanha, que, no lugar de um eurodeputado, agora terá 11. Além disso, partidos dinamarqueses e finlandeses que antes integravam o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR) também se juntarão à nova sigla.

As negociações para a formação de partidos europeus ainda estão em curso, mas a extrema direita, que terá 25% dos assentos, deve se dividir em pelo menos três grupos no Parlamento. Embora próximo a Matteo Salvini, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán permanecerá, com seus 13 eurodeputados, no bloco de centro-direita do Partido Popular Europeu (PPE), mesmo sob a ameaça de expulsão.

O seu partido, o Fidesz, está oficialmente suspenso do PPE, e passará por uma avaliação a ser conduzida por três julgadores, incluindo o ex-presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy. O PPE, maior partido europeu, oferece certa proteção à economia húngara, fortemente dependente da Alemanha.

Apesar de alguns encontros com representantes de Marine Le Pen e de Matteo Salvini, os poloneses do Justiça e Liberdade (PiS) entendem que a dupla é excessivamente próxima de Vladimir Putin e, por temor a Moscou, se juntarão ao ECR. É possível que o espanhol Vox, que elegeu 3 deputados, com 6,2% dos votos, também se some ao ECR. O grupo milita contra a independência catalã, o que, entendem, cria conflitos com o soberanismo notório de Le Pen e Salvini.

O Partido do Brexit, que elegeu 29 deputados no Reino Unido, deverá permanecer independente. A legenda entende que a saída britânica do bloco europeu será concluída em 31 de outubro, quando então ele será excluído do Parlamento.

Nesta quinta-feira, Le Pen afirmou que o Identidade e Democracia será diferente do ENL, que o precedeu, porque incluirá legendas que já tiveram experiências de governo, em referência aos aliados do Partido da Liberdade da Áustria, dos estonianos do Ekre e, sobretudo, da Liga. Será um italiano, Marco Zanni, que presidirá o partido.