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Militante de extrema direita é suspeito de assassinar político pró-imigração na Alemanha

Se confirmado, seria o primeiro caso no país desde a Segunda Guerra Mundial
Um retrato de Walter Lübcke, líder do conselho regional de Kassel assassinado no começo de junho, ao lado de seu caixão Foto: SWEN PFORTNER / AFP
Um retrato de Walter Lübcke, líder do conselho regional de Kassel assassinado no começo de junho, ao lado de seu caixão Foto: SWEN PFORTNER / AFP

BERLIM - Um porta-voz da Procuradoria Federal da Alemanha , que investiga casos de terrorismo no país, declarou nesta segunda-feira que o assassino do político pró-imigração Walter Lübcke muito provavelmente está ligado à extrema direita .

No sábado, uma unidade policial prendeu um homem de 45 anos acusado de envolvimento com o crime, na cidade de Kassel, a 160 quilômetros de Frankfurt. A detenção se baseou em um “teste de DNA”, informaram as autoridades. O homem foi apresentado a um juiz no domingo e permanece preso. A Justiça informou que mais informações sobre o suspeito serão divulgadas nesta semana.

Se a motivação política for confirmada, este será o primeiro assassinato motivado por terrorismo político na Alemanha desde os ataques da Fração do Exército Vermelho (RAF), também conhecida como Baader-Meinhof. Em 1981, o grupo de extrema esquerda assassinou um ministro regional da Economia, membro do Partido Democrático Liberal.

O crime constituirá também o primeiro homicídio na Alemanha de um político eleito motivado por ideias da extrema direita desde a Segunda Guerra Mundial.

Lübcke, um político do estado de Hesse, no Oeste do país, foi encontrado morto na varanda de sua casa no dia 2 de junho. Uma autópsia revelou que o político, que faz parte da União Democrata Cristã, mesmo partido da chanceler Angela Merkel, de centro-direita, levou um tiro na cabeça, disparado a curta distância. A polícia informou que não havia indicação de suicídio.

Ele já recebera ameaças de morte antes, possivelmente relacionadas a suas visões favoráveis à imigração. Diante da oposição à decisão alemã de receber uma grande quantidade de refugiados da Síria e de imigrantes de outros países, o político disse que era moralmente correto abrigar necessitados, o que provocou a fúria de militantes de extrema direita.

— Devemos defender nossos valores. E qualquer um que não represente esses valores pode deixar o país a qualquer momento se não estiver de acordo, é a liberdade de cada alemão — disse ele em um comício certa vez.

Sem precedentes desde os anos 1980

Segundo a Der Spiegel, a principal revista alemã, o suspeito já foi preso junto com outros 400 militantes neonazistas por atacar uma manifestação da Federação dos Sindicatos Alemães (DBG) em Dortmund em 2009. Ele foi condenado a sete meses de prisão, acrescentou a revista, informando também que ele teve outros problemas com a polícia, por envolvimento em atos de violência e posse de armas.

No Reino Unido, Jo Cox, uma deputada trabalhista , foi morta a facadas em 2016 por um simpatizante da extrema direita. Vários partidos solicitaram, nesta segunda-feira, a convocação de uma sessão especial do Parlamento alemão para saber se a extrema direita está ligada ao assassinato.

Durante dez anos, Lübcke atuou como chefe do conselho regional de Hesse, onde também foi membro do Parlamento.