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Morre na Espanha Pérez Rubalcaba, ex-dirigente socialista que comandou o fim do ETA

Ex-vice-primeiro-ministro sofreu AVC, aos 67 anos
Alfredo Pérez Rublacaba celebra eleição para líder do PSOE, em Sevilla, em 2012 Foto: CRISTINA QUICLER 04-02-2012 / AFP
Alfredo Pérez Rublacaba celebra eleição para líder do PSOE, em Sevilla, em 2012 Foto: CRISTINA QUICLER 04-02-2012 / AFP

MADRI — Ex-vice-primeiro-ministro da Espanha , responsável pelo fim do grupo extremista basco ETA , Alfredo Pérez Rubalcaba morreu nesta sexta-feira em Madri, aos 67 anos. O ex-secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) havia sofrido um acidente vascular cerebral e sido internado há dois dias, informou sua família à imprensa, na portal do hospital.

O PSOE cancelou os atos de campanha desta sexta-feira e da manhã de sábado, em razão da morte do ex-líder da legenda, que será velado na Câmara dos Deputados, em Madri. O Podemos e o Cidadãos também suspenderam os comícios em respeito ao ex-dirigente. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, sucessor de Rubalcaba no comando do PSOE, antecipou seu retorno de Sibiu, na Romênia, onde a União Europeia lançou a corrida ao pleito do Parlamento Europeu.

"Homem de Estado e socialista comprometido. Uma vida inteira dedicada a servir ao seu país. O fim do ETA e grandes avanços sociais levam sua assinatura. Obrigado, Alfredo. Todos, Espanha e PSOE, estaremos sempre em dívida contigo. Meu carinho para Pilar, sua família e amigos", escreveu Sánchez, no Twitter.

O dirigente socialista foi braço-direito do ex-presidente José Luis Rodríguez Zapatero, de quem se tornou vice e porta-voz de governo. Rubalcaba era ministro do Interior do país quando o grupo ETA anunciou sua desmobilização, após 43 anos de atividade terrorista. Foi o dirigente socialista quem geriu, entre outras pautas, as conversas de paz com os extremistas que levaram ao cessar-fogo de 2006 e ao processo de desmonte da ameaça do grupo basco, depois do atentado ao aeroporto de Barajas. A ruptura do cessar-fogo resultou em uma onda de detenções de comandantes e integrantes do ETA. Ele continuou a promover a luta antiterrorista ao ser reconduzido ao ministério nas eleições de 2008.

Rubalcaba também é lembrado por negociar a abdicação do rei Juan Carlos, em 2014, em favor de seu filho Felipe VI, num momento em que escândalos desgastavam a coroa espanhola. Atuou ainda como ministro da Educação e da Ciência e ministro da Presidência, durante o governo de Felipe González.

O espanhol havia deixado a política há quase cinco anos, ao renunciar à chefia do PSOE após o resultado dos socialistas nas eleições europeias. Antes disso, liderou a oposição ao governo do conservador Mariano Rajoy, a quem enfrentou, sem sucesso, nas eleições gerais de 2011.

— Foi uma das personalidades mais importantes da História recente da Espanha. Um adversário digno de respeito e admiração — afirmou Rajoy, segundo o jornal El País.

No ano passado, em entrevista ao jornal El País, Rubalcaba afirmou que a política hoje "é mais hostil" do que jamais foi, mas não por agentes ou circunstâncias exteriores, mas por sua própria endogamia (a centralização nos mesmos nomes e métodos) e do que chamou de "mecanismos autodestrutivos".

— Cachorro morde cachorro. Há uma parte que é a mais difícil de todas: o desgaste pessoal e do seu entorno, sua família. Quando me despedi na última manifestação, em Solares, meu primo, completamente alheio à política, me disse: "Você não sabe como foi difícil levar o sobrenome Rubalcaba todos esses anos" — relatou.

Dirigentes do PSOE que estavam fora de Madri voltaram à capital ao saberem da gravidade do estado de Rubalcaba. A Casa Real espanhola destacou, em nota, estar "entristecida pela repentina morte" do dirigente, a quem prometeu "sempre agradecer" pelo serviço prestado à Espanha.