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Inglesa morre arrastada por tsunami em Tonga quando tentava salvar seus cães

Morte de Angela Glover, de 50 anos, é a primeira a ser confirmada após desastre no sábado; ela tinha um abrigo de resgate de animais na nação insular, onde morava desde 2015
Angela Glover tinha um abrigo de animais em Tonga Foto: Reprodução/Redes sociais
Angela Glover tinha um abrigo de animais em Tonga Foto: Reprodução/Redes sociais

TONGA — Uma britânica morreu arrastada pela tsunami que atingiu Tonga neste sábado, após a erupção do vulcão submarino Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai. Angela Glover, de 50 anos, tinha um abrigo de resgate de animais e foi levada por uma onda quando tentava salvar seus cães na capital tongolesa, Nuku’alofa. Trata-se da primeira confirmação de morte pelo desastre.

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A morte da britânica foi confirmada nesta segunda-feira pelo irmão da vítima, Nick Eleini. Ele afirmou que a família está "devastada" com a notícia.

Angela Glover, de 50 anos, tinha um abrigo de resgate de animais em Tonga Foto: Reprodução/Redes sociais
Angela Glover, de 50 anos, tinha um abrigo de resgate de animais em Tonga Foto: Reprodução/Redes sociais

— Foi um choque terrível o que aconteceu conosco — disse Eleini. — Como pode imaginar, a família está devastada. E pedimos respeitosamente que tenhamos privacidade para lamentar — acrescentou, em entrevista à Sky News.

Angela nasceu em Brighton, na Inglaterra, e morava em Tonga com o marido desde 2015, segundo a BBC. O casal foi descrito como amante da cultura tongalesa.

Na nação insular no Pacífico Sul, Angela fundou a Tonga Animal Welfare Society, uma entidade que trabalhava com o resgate de animais. Eleini afirmou que sua irmã tinha "um profundo amor por cães" e sua organização abrigou e reabilitou animais de rua antes de buscar tutores.

Nos EUA, avisos foram emitidos para as regiões da Califórnia e Oregon. Em Paracas, no Peru, policiais fizeram barricadas com sacos de areia para bloquear a passagem da água. Na Nova Zelândia, barcos foram virados.
Nos EUA, avisos foram emitidos para as regiões da Califórnia e Oregon. Em Paracas, no Peru, policiais fizeram barricadas com sacos de areia para bloquear a passagem da água. Na Nova Zelândia, barcos foram virados.

— Angela era o coração de nossa família, o coração emocional de nossa família — disse. — Vou sentir falta dela e vou pensar nela todos os dias até quando morrer. Minha mãe está arrasada no momento, absolutamente arrasada — afirmou.

Escassez de informações

Os detalhes dos estragos causados pela erupção do vulcão submarino ainda são escassos — grande parte da rede de comunicação foi perdida após a explosão seguida pela tsunami. No entanto, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) publicou nesta segunda-feira um relatório com um balanço inicial. Os telefones via satélite são o único instrumento para contato com o exterior, mas nem sempre funcionam.

O documento informa que a capital, Nuku’alofa, está coberta por uma camada de dois centímetros de cinzas e poeira vulcânica. A situação na cidade foi descrita como "estável", e os primeiros esforços de limpeza já estão em andamento. A orla está seriamente danificada com rochas e detritos arrastados pela tsunami.

O Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai, um vulcão submarino, entrou em erupção, no sábado (15 de janeiro). As ondas primeiramente chegam Às praias de Tonga, mas houve transtornos em outros países banhados pelo Pacífico. Em uma hora, mais de 200 mil raios foram registrados. Veja neste videográfico a sequência dos acontecimentos.
O Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai, um vulcão submarino, entrou em erupção, no sábado (15 de janeiro). As ondas primeiramente chegam Às praias de Tonga, mas houve transtornos em outros países banhados pelo Pacífico. Em uma hora, mais de 200 mil raios foram registrados. Veja neste videográfico a sequência dos acontecimentos.

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Danos estruturais significativos foram reportados ao redor da ilha de Tongatapu, a principal do país. Além disso, ainda há regiões com as quais não foi possível fazer contato, como o arquipélago de Ha'apai. Há preocupação particular em relação a duas pequenas ilhas: Mango e Fonoi. Um sinal de socorro ativo foi detectado em Mango. Nenhum dano significativo foi relatado no aeroporto de Fua'amotu e ainda não foram feitas avaliações nos portos de Nuku'alofa e 'Eua.

Os sistemas telefônicos locais estão sendo restaurados e a energia elétrica também foi restaurada em algumas partes da capital. Não há mortes confirmadas até o momento.

Nesta segunda-feira, a Austrália e a Nova Zelândia enviaram voos de reconhecimento para tentar avaliar a completa extensão dos danos na pequena nação insular. A primeira tentativa aérea foi realizada uma dia antes, mas a operação não teve sucesso porque havia uma espessa nuvem de cinzas de 19 mil metros de altura na região.

O ministro do Pacífico da Austrália, Zed Seselja, disse que os relatos iniciais não sugerem muitas vítimas, mas a polícia australiana visitou praias e relatou danos significativos com "casas destruidas".

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O governo de Tonga está preocupado com o risco de entregas de ajuda espalharem a Covid-19 para a ilha, que é livre do vírus. Qualquer ajuda enviada a Tonga precisaria ser colocada em quarentena e provavelmente nenhum pessoal estrangeiro teria permissão para desembarcar de aeronaves.

A Cruz Vermelha disse que está mobilizando sua rede para responder ao que chamou de a pior erupção vulcânica no Pacífico em décadas.

Katie Greenwood, chefe da delegação do Pacífico para a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, disse à Reuters que até 80 mil pessoas podem ter sido afetadas pela tsunami.

O Hunga-Tonga-Hunga-Ha'apai entrou em erupção várias vezes nas últimas décadas, mas o impacto da erupção de sábado foi sentido em Fiji, Nova Zelândia, Estados Unidos e Japão. Duas pessoas morreram afogadas em uma praia no norte do Peru devido a "ondas anormais" após a erupção seguida por tsunami.