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Neonazista alemão confessa assassinato de político pró-imigração

Morte de Walter Lübcke foi o primeiro assassinato motivado por terrorismo político na Alemanha desde 1981
Um retrato de Walter Lübcke, líder do conselho regional de Kassel assassinado no começo de junho, ao lado de seu caixão Foto: SWEN PFORTNER / AFP
Um retrato de Walter Lübcke, líder do conselho regional de Kassel assassinado no começo de junho, ao lado de seu caixão Foto: SWEN PFORTNER / AFP

BERLIM — Um neonazista alemão confessou o assassinato do político pró-imigração Walter Lübcke , membro do partido da chanceler Angela Merkel , anunciou nesta quarta-feira o ministro do Interior, Horst Seehofer.

Stephan Ernst , de 45 anos, que já havia sido condenado em 1993 por um ataque com explosivos contra um abrigo para estrangeiros, afirma ter atuado sozinho no assassinato do político da União Democrata Cristã (CDU). Lübcke era famoso por defender a decisão da chanceler alemã de abrir as portas da Alemanha às pessoas em busca de refúgio em 2015, causando fúria na extrema-direita.

— Devemos defender nossos valores. E qualquer um que não represente esses valores pode deixar o país a qualquer momento se não estiver de acordo, é a liberdade de cada alemão — disse Lübcke, à época, durante comício.

Seehofer, que divulgou as informações durante uma reunião a portas fechadas do Parlamento alemão, prometeu tomar novas medidas para combater a extrema-direita e afirmou que as investigações sobre o "assassinato político" continuarão e que as autoridades procuram possíveis cúmplices.

A morte de Lübcke foi o primeiro assassinato motivado por terrorismo político na Alemanha desde os ataques da Fração do Exército Vermelho (RAF), também conhecida como Baader-Meinhof. Em 1981, o grupo de extrema esquerda assassinou um ministro regional da Economia, membro do Partido Democrático Liberal.

O crime constituirá também o primeiro homicídio na Alemanha de um político eleito motivado por ideias da extrema direita desde a Segunda Guerra Mundial.

Lübcke, um político do estado de Hesse, no Oeste do país, foi encontrado morto na varanda de sua casa no dia 2 de junho. A autópsia revelou que o político levou um tiro na cabeça, disparado a curta distância.

Sem precedentes desde os anos 1980

Segundo a Der Spiegel, a principal revista alemã, em 2009, Ernst foi preso junto com outros 400 militantes neonazistas por atacar uma manifestação da Federação dos Sindicatos Alemães (DBG) em Dortmund. Na ocasião, ele foi condenado a sete meses de prisão, acrescentou a revista, informando também que ele teve outros problemas com a polícia, por envolvimento em atos de violência e posse de armas.

No Reino Unido, Jo Cox, uma deputada trabalhista , foi morta a facadas em 2016 por um simpatizante da extrema direita. Vários partidos solicitaram, nesta segunda-feira, a convocação de uma sessão especial do Parlamento alemão para saber se a extrema direita está ligada ao assassinato.

Durante dez anos, Lübcke atuou como chefe do conselho regional de Hesse, onde também foi membro do Parlamento.