A ex-presidente e atual alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, anunciou que vai apoiar a nova Constituição do Chile, em referendo marcado para setembro. O apoio dela era um dos mais aguardados pelos defensores do novo texto, anunciado no começo do mês pela Convenção Constitucional.
— Tenho uma ideia muito clara do que deveria ser a decisão do dia 4 de setembro [data do referendo], eu já disse antes, eu sou a favor da aprovação da reforma da Constituição — declarou Bachelet, em uma entrevista coletiva em Lima. — Também disse de uma forma simbólica que me recordo de uma música de Pablo Milanés [músico cubano], “não é perfeita, mas está perto do que sempre sonhei".
Com a decisão, Bachelet adota uma posição diferente da de dois de seus antecessores, Ricardo Lagos, que se distanciou da campanha pela aprovação e pediu a sequência do debate sobre o texto, e Eduardo Frei, que declarou ser a favor da rejeição da nova Carta.
Por outro lado, a campanha pelo “Sim” ganhou adesões importantes, como a do Democracia Cristã, sigla de centro-esquerda. Após consulta interna, a sigla emitiu um comunicado pedindo a todos seus filiados que “se somem a essa tarefa”, se referindo à aprovação da Carta.
“Todos os democratas cristãos queremos uma nova Constituição, e avançar para um Chile mais justo, digno e fraterno. Esta nova Constituição, desde nosso olhar, oferece isso”, diz o comunicado, divulgado no dia 7 de julho. Eduardo Frei, que é da Democracia Cristã, foi denunciado internamente por adotar publicamente uma postura diferente da do partido.
O referendo sobre a nova Constituição, elaborada pelos 154 membros da Constituinte chilena, está marcado para o dia 4 de setembro, em uma votação obrigatória, e o país vive um clima de divisão política em torno do tom do texto. Enquanto alguns o veem como ideal, como o caso de setores na esquerda, outros defendem que seria necessário um debate mais amplo — já seus opositores, especialmente na direita, dizem que se tratou de uma “oportunidade perdida” para substituir a atual Carta, ainda dos tempos do ditador Augusto Pinochet.
Durante a entrevista coletiva, Bachelet confirmou que não tentará mais um mandato como alta comissária da ONU, dizendo que o Chile “vive um momento muito importante de sua História”, e que gostaria de estar por perto. Ela ainda descartou planos para um terceiro mandato como presidente do Chile.
— Não tenho nenhuma intenção de tentar novamente ser presidente da República — declarou.