Primeira presidente da Convenção Constitucional do Chile, a professora universitária de origem mapuche Elisa Loncon é enfática em sua defesa da Carta. Os constituintes, ela observa, tiveram um prazo curto e incluíram um pacote abrangente de direitos no documento. Para ela, as críticas vêm de setores de direita que perderão privilégios caso o texto seja aprovado.
Na manhã desta segunda, o documento final será entregue ao presidente Gabriel Boric, em uma cerimônia simbólica. Os trabalhos de fato acabaram na terça-feira, após sessões finais incendiárias.
Essa carta é suficiente para apaziguar a sociedade chilena?
Não estamos em guerra. O Chile está vivendo um período de democracia, e tomamos a decisão democrática de mudar nossa Constituição. Essa pergunta não faz sentido. Mais de 80% dos eleitores disseram que a atual Constituição não serve, não responde às demandas da sociedade. Nesse contexto, a proposta recolhe demandas e propõe soluções.
Como vê tantas críticas, e que a rejeição à Carta esteja em primeiro nas pesquisas?
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As críticas são parte da manipulação dos meios da direita, que têm divulgado mentiras. Nós, constituintes, instalamos o processo sem apoio do governo [de Sebastián Piñera]. Nunca o governo quis informar como o processo caminhava. Em um ano, trabalhamos três vezes mais do que o normal para nos dedicarmos ao texto, e agora vemos divulgadas mentiras da direita. Precisamos de tempo para a população conhecer o texto.
Como a senhora avalia o texto, está satisfeita com ele?
Sim, estou. É o primeiro que integra a plurinacionalidade, que garante uma série de direitos fundamentais, como direitos da natureza, à cultura, à língua, à livre determinação. Também há um catálogo de direitos sociais bastante robusto.
Colinas do deserto do Atacama, no Chile, viram um impressionante cemitério de roupas usadas. Veja imagens
![Mulheres 'garimpam' roupas em meio a toneladas descartadas no deserto do Atcama, no Chile Foto: MARTIN BERNETTI / AFP Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício Foto: MARTIN BERNETTI / AFP Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/OKPlacPg5j1TKTQV5hrnZCrOOJs=/0x0:1265x760/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/e/7/qza5uiQ7KuKq7WF9ZPEQ/000-9pk6n2.jpg)
![Mulheres 'garimpam' roupas em meio a toneladas descartadas no deserto do Atcama, no Chile Foto: MARTIN BERNETTI / AFP Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício Foto: MARTIN BERNETTI / AFP Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/M1Oa6xGdg7q2tWn9my1aFU5e_bw=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/e/7/qza5uiQ7KuKq7WF9ZPEQ/000-9pk6n2.jpg)
Mulheres 'garimpam' roupas em meio a toneladas descartadas no deserto do Atcama, no Chile Foto: MARTIN BERNETTI / AFP Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício Foto: MARTIN BERNETTI / AFP Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
![Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/Ixsk14aiEUVk7emTDy49WA6BLw0=/0x0:1265x760/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/7/5/eyI0DFQ6enDZ5ME58AoA/000-9pk6mx.jpg)
![Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/rT1Wz6v1DqdfI3Mg7rRIWpE5-cY=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/7/5/eyI0DFQ6enDZ5ME58AoA/000-9pk6mx.jpg)
Vista aérea das toneladas de roupas descartadas nas colinas do deserto do Atacamo, na região de Alto Hospício — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
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![Trabalhadores de uma fábrica que recicla roupas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/zi6tTr0cmR_PTvpKeftTUcMOgkc=/0x0:1265x760/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/6/R/ATfB5TTTy7aPs0iCL2Xg/000-9pk6nb.jpg)
![Trabalhadores de uma fábrica que recicla roupas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/V5sNvevRnnY6sPgQturbHpRPlb4=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/6/R/ATfB5TTTy7aPs0iCL2Xg/000-9pk6nb.jpg)
Trabalhadores de uma fábrica que recicla roupas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
![Homens trabalham em uma fábrica que recicla roupas usadas descartadas no deserto do Atacama para painéis de madeira para isolamento de paredes de habitações sociais, em Alto Hospicio, Iquique, Chile — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/tpSQtwA81Av0JJf9Vb_zoYC9Pfk=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/W/Y/UoAbiXTzAHEBq7k4tTBA/000-9pk6n7.jpg)
Homens trabalham em uma fábrica que recicla roupas usadas descartadas no deserto do Atacama para painéis de madeira para isolamento de paredes de habitações sociais, em Alto Hospicio, Iquique, Chile — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
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![Homem trabalha em uma fábrica que recicla roupas usadas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/vVC9e5QD6CO__-bvY54ua54aIIU=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/X/6/AprWUIQme4k0H8yQq43A/000-9pk6n9.jpg)
Homem trabalha em uma fábrica que recicla roupas usadas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
![Mulheres buscam roupas em meio a toneladas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/WwjNPqIiglLlsNBXLodN4HsHgEU=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/K/M/abUNnFQAiUKq200yFTmg/000-9pk6n3.jpg)
Mulheres buscam roupas em meio a toneladas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
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![Roupas usadas nos EUA, Ásia e Europa são descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/W7nrHLDVOY-K5hdIxfpyidDk3LY=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/1/m/EQvsFJQ8uABNFKOR8anA/000-9pk6mq.jpg)
Roupas usadas nos EUA, Ásia e Europa são descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
![Mulher procura por roupas que lhe sirvam em meio a toneladas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/ZrgtZoFbYJDyDqdM5PgdO_C2ong=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/z/v/62qZtpR76PhwEN8zluiw/000-9pk6mz.jpg)
Mulher procura por roupas que lhe sirvam em meio a toneladas descartadas no deserto do Atacama — Foto: MARTIN BERNETTI / AFP
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![Vista das roupas usadas expostas no deserto do Atacama, no Chile — Foto: Martini Bernetti / AFP](https://s2-oglobo.glbimg.com/7GFw9H4WnklhV_A51Qatr3OgNxM=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/5/t/xpX64zQ5qxQ85Hf5MB0g/000-9pk6mt.jpg)
Vista das roupas usadas expostas no deserto do Atacama, no Chile — Foto: Martini Bernetti / AFP
Não é arrogância dizer que toda a rejeição se deve à manipulação da direita?
O povo falará no dia 4 de setembro. É muito prematuro dizer que a Carta está sendo rechaçada.
Muitas pessoas dizem que os constituintes mudaram coisas demais. Como a senhora vê essa crítica?
Éramos 154 deputados, eleitos democraticamente. Apresentamos o programa, convidamos ao diálogo, instalamos as normas. Essas críticas vêm do setor que não quer mudanças. Daqueles que se beneficiaram da Carta de 1980. Os beneficiários daquela Constituição se valem de mentiras, como dizer que não queremos liberdade ensino ou liberdade religiosa. São manipulações. Sobretudo em termos de matéria indígena, a Constituição apenas promove a atualização da norma interna de acordo com normas internacionais.