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Por Filipe Barini

Detentos no sistema prisional russo e funcionários de empresas públicas e privadas estão recebendo propostas para servir ao lado das forças do país que lutam na guerra na Ucrânia. De acordo com reportagens publicadas na imprensa russa, os “recrutas” vão para o front com promessa de dinheiro e, no caso dos detentos, uma ficha criminal limpa.

De acordo com o site iStories, detentos em pelo menos duas colônias penais nos arredores de São Petersburgo, IK-7 Yablonevka e IK-6 Obukhovo, foram abordados por representantes da empresa de segurança privada Grupo Wagner, conhecida por seu papel não oficial em conflitos armados na Síria e Líbia, e por sua presença em outros países na África, como o Mali e a República Centro-Africana.

Além de discursos sobre patriotismo, a importância da luta e as dificuldades no campo de batalha, o grupo oferece salário de 200 mil rublos (R$ 17,3 mil) e anistia para quem voltar vivo. Se o recruta morrer em combate, sua família receberá 5 milhões de rublos (R$ 43,3 mil). Segundo o parente de um dos presos, os recrutadores diziam que “apenas 20% retornavam" do front.

Segundo o iStories, cerca de 40 detentos aceitaram a proposta, que prevê um tempo mínimo de serviço de seis meses, mas um detalhe chamou a atenção de parentes dos presos: não há qualquer tipo de contrato, apenas promessas feitas verbalmente.

— No segundo dia após a reunião, ele [o detento] disse que tinha assinado um contrato e não tinha como voltar atrás. Mas agora disse que os contratos serão assinados na chegada ao local [de combate] — disse ao iStories o parente de um dos detentos.

A preferência está sendo dada a prisioneiros que têm experiência de combate, mas detentos jovens e em boas condições físicas também são considerados. O Grupo Wagner não se pronunciou, e o governo russo nega frequentemente ter laços com a empresa de segurança privada, apesar das evidências mostrarem o contrário.

Em outro relato, agora publicado pelo serviço em russo do jornal The Moscow Times, funcionários de dois estaleiros navais em São Petersburgo dizem ter recebido propostas para lutar na Ucrânia com empresas privadas — como o Grupo Wagner — ou com contratos firmados com o Ministério da Defesa.

— Não está claro como as pessoas foram escolhidas. Talvez tenham chamado apenas aqueles que têm autorização de residência em São Petersburgo — disse ao Moscow Times um dos empregados dos estaleiros estatais do Almirantado e Baltazavod, ambos sob sanções aplicadas por EUA e União Europeia, ligadas à guerra na Ucrânia.

Em termos financeiros, a proposta era atraente: um salário mensal de 300 mil rublos (R$ 25,6 mil) durante o tempo em que o recruta permanecer no front, geralmente um período de seis meses. Como no caso dos prisioneiros, não foram apresentados contratos aos empregados dos estaleiros, e a reportagem do Moscow Times relatou que, nas últimas semanas, apenas uma pessoa aceitou a oferta e seguiu para o Donbass, no Leste da Ucrânia, onde se concentram as ações militares russas.

O jornal revela ainda que empresas privadas também realizam suas próprias campanhas de recrutamento: na reportagem, publicada nesta terça-feira, é citada uma unidade da Metalloinvest, que atua no setor de mineração. Ali, a proposta é de concessão de licença não remunerada durante o tempo em que a pessoa estiver na Ucrânia, além de um salário mensal de 205 mil rublos (R$ 17,5 mil). O dono da Metalloinvest, Alisher Usmanov, aparece na lista de sanções aplicadas pela União Europeia e Reino Unido.

Depois do fracasso da estratégia inicial para controlar em questão de dias as principais cidades da Ucrânia, como Kiev e Kharkiv, o comando militar russo se viu diante de tropas cada vez mais cansadas, sem condições adequadas no front e com um número de baixas bem maior do que o esperado. A Rússia não divulga números de mortos desde março, e estimativas sugerem que mais de 20 mil militares, incluindo generais, morreram em combate.

Para enfrentar essa situação, Moscou recorreu a homens que estão prestando o serviço militar obrigatório — em tese, eles não deveriam ser mandados ao front, e em muitos casos chegam ali sem o treinamento adequado. Muitas famílias apenas descobrem que seus jovens foram lutar na Ucrânia quando recebem a notificação de falecimento.

Em maio, o Parlamento também eliminou o limite de idade para novos recrutas — anteriormente, apenas pessoas com menos de 40 anos poderiam assinar um contrato para atuar ao lado das forças regulares. De acordo com especialistas, esses novos “contratados” seriam usados na operação de armas avançadas, que dependem de anos de treinamento, além de funções de apoio no front, como especialistas de comunicação e médicos.

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