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Por O Globo e agências internacionais — Washington

Um dos principais estrategistas políticos do ex-presidente Donald Trump, Steve Bannon, foi considerado culpado de desacato ao Congresso, uma acusação relacionada à sua recusa em cooperar com a comissão que investiga a invasão do Capitólio por apoiadores de Trump, no dia 6 de janeiro de 2021.

O júri do tribunal federal onde o caso foi analisado em Washington chegou ao veredicto em menos de três horas, e confirmou as acusações apresentadas pela comissão da Câmara, de que ele, ao se recusar a entregar documentos exigidos pelos deputados, tentou atrasar e atrapalhar a investigação.

Apesar do desacato ser considerado um crime leve, e que tem uma pena máxima de 12 meses de prisão e multa — a sentença será anunciada no dia 21 de outubro — o processo foi uma espécie de teste de como o Departamento de Justiça vai agir contra aliados próximos de Trump em relação ao ataque. Ao ouvir a sentença, Bannon não se pronunciou, apenas deu um sorriso e deu um tapa nas costas de seus advogados.

A comissão da Câmara considera que Bannon, mesmo sem um cargo oficial na Casa Branca, exercia grande influência sobre Trump, e tinha acesso direto ao ex-presidente. Por isso, os deputados consideraram que seu depoimento e documentos que ele poderia fornecer à investigação eram cruciais para entender o que ocorreu antes e durante a invasão, que pretendia impedir a certificação da vitória eleitoral de Joe Biden pelo Congresso e deixou sete mortos.

“O sr. Bannon parece ter tido um papel amplo nos eventos do dia 6 de janeiro, e o povo americano precisa ouvir seu testemunho sobre suas ações”, declarou um relatório da comissão, de outubro, recomendando que ele fosse processado por desacato.

O plenário da Câmara aprovou o pedido em outubro, enviando o caso ao Departamento de Justiça.

— Esse foi um caso simples sobre um homem, aquele homem [Bannon], que não apareceu — afirmou a promotora Molly Gaston. — [Bannon] não queria reconhecer a autoridade do Congresso ou jogar segundo as regras do governo.

No mês passado, um outro aliado de Trump, o ex-conselheiro da Casa Branca Peter Navarro, se tornou réu em mais um caso de desacato ao Congresso — ele se declarou inocente. Como Bannon, Navarro também não atendeu aos pedidos feitos pela comissão da Câmara.

Acusações

Ao longo dos meses de trabalho da comissão da Câmara, iniciados no ano passado, o nome de Bannon apareceu diversas vezes, especialmente nos dias que antecederam a invasão. Na véspera da invasão, ele conversou por 11 minutos com Trump, e logo depois participou de um programa de entrevistas na internet: ali, afirmou que “todo o inferno vai acontecer amanhã”, se referindo ao protesto convocado pelo presidente para questionar sua derrota na eleição de novembro de 2020.

— Digo a vocês, não vai acontecer como vocês pensam que vai acontecer. Vai ser extraordinariamente diferente — disse Bannon.

Outro ponto levantado pelos deputados foi uma conversa por telefone entre Bannon e Trump, no dia 30 de dezembro de 2020, quando o estrategista político pediu ao então presidente que concentrasse seus esforços “no 6 de janeiro”, dia em que o Congresso certificaria os resultados da eleição.

Depois que a comissão abriu seus trabalhos, Trump pediu a seus aliados mais próximos que não cooperassem com os deputados, apelando para uma ferramenta conhecida como “privilégio executivo”, que permite tornar sigilosas determinadas informações por questões de segurança nacional — a comissão rejeitou o argumento alegando que Bannon não tinha funções oficiais na Casa Branca desde 2017.

Com o processo na Justiça, Bannon inicialmente prometeu transformar o julgamento “em um inferno”, e tentou atrapalhar o andamento do caso. Contudo, no começo do mês, pareceu mudar de ideia, e se apresentou para prestar depoimento na comissão da Câmara, obtendo inclusive o aval de Trump, mas deputados e o Departamento de Justiça questionam as reais intenções do estrategista político.

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