Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo e agências internacionais — Pequim

Minutos depois de a presidente das Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, desembarcar em Taiwan, o governo chinês emitiu um duro comunicado atacando a viagem. Segundo Pequim, a viagem da deputada democrata terá um impacto profundo nas relações entre os dois países.

"Ela infringe seriamente a soberania da China e sua integridade territorial. Ela mina, de forma grave, a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e manda um sinal errado para as forças separatistas da [favoráveis à] 'independência de Taiwan'", diz o comunicado do Ministério das Relações Exteriores, reproduzido pela agência Xinhua.

A China considera Taiwan como parte de seu território, apesar de a ilha operar como se fosse de fato um país. Os EUA, por sua vez, embora não reconheçam diplomaticamente Taiwan como um governo independente, fornecem apoio militar aos taiwaneses.

No comunicado, Pequim considera que a visita de Pelosi é uma "provocação" e que a Casa Branca usa Taiwan como pretexto para "conter a China". Em seus movimentos para ampliar a presença dos EUA na Ásia e no Pacífico, Biden se refere com frequência a Taiwan e tenta arrancar dos aliados compromissos com a defesa da ilha contra uma eventual agressão chinesa. Para a China, essas ações também servem para impulsionar o discurso nacionalista entre os taiwaneses.

"Esses movimentos, que são similares a brincar com fogo, são extremamente perigosos. Aqueles que brincam com fogo serão feridos por ele", diz o texto. "A China vai, de forma resoluta, tomar todas as medidas necessárias para defender sua soberania e integridade territorial em resposta à visita da presidente da Câmara. Todas as consequências disso devem ser atribuídas aos EUA e às forças separatistas 'da independência de Taiwan."

Apesar do tom agressivo, o texto termina com um chamado à diplomacia entre China e EUA, ao mesmo tempo em que aponta que Taiwan, na visão de Pequim, é um assunto interno. "A China e os EUA são dois grandes países. A maneira certa para que lidem um com o outro é por meio do respeito mútuo, da coexistência pacífica, do não confronto e de cooperações mutuamente benéficas", conclui a mensagem.

Já na madrugada de quarta-feira pelo horário local, a Chancelaria chinesa convocou o embaixador americano em Pequim, Nicholas Burns, para expressar "uma forte oposição e uma firme condenação" à visita de Nancy Pelosi. Segundo o vice-chanceler, Xie Feng, a viagem é uma "é uma grave provocação" e uma "violação do princípio de uma só China".

— Washington deveria frear a ação sem escrúpulos de Pelosi e impedi-la de ir contra a tendência histórica, mas, ao invés disso, apoiou e colaborou com ela, o que agrava a tensão no Estreito de Taiwan e prejudica gravemente os laços China-EUA — disse Feng, segundo a imprensa chinesa.

O Ministério das Relações Exteriores taiwanês, em paralelo, declarou que a visita "demonstra plenamente a importância que o Congresso dos EUA atribui a Taiwan e, mais uma vez, confirma o apoio 'sólido como uma rocha' a Taiwan".

"Acredita-se que a visita da presidente Pelosi e de outros membros de peso do Congresso fortalecerá o relacionamento próximo e amigável entre Taiwan e os Estados Unidos e aprofundará ainda mais a cooperação global entre os dois lados em vários campos", conclui o texto.

O governo de Joe Biden, por sua vez, havia mudado o tom em relação à visita de Pelosi na segunda. Na semana passada, Biden afirmou que os militares não viam a ideia com bons olhos. Mas, na véspera da viagem, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, declarou que o governo americano garantiria que a visita de Pelosi seria "segura".

Segundo Kirby, a deputada "tem o direito de visitar Taiwan, e um presidente da Câmara já visitou Taiwan sem qualquer problema" no passado. Ele se referia à viagem do republicano Newt Gingrich em 1997, mas há diferenças entre os contextos: na época, a Câmara era controlada pela oposição ao presidente Bill Clinton, democrata, e Pequim tinha outras prioridades, como o retorno de Hong Kong ao seu controle e a integração comercial com o mundo.

Os chineses ficaram irritados, mas preferiram "engolir" a presença do republicano em solo taiwanês. Agora, contudo, em um momento de tensões geopolíticas acirradas, os riscos são mais elevados.

Mais recente Próxima

Inscreva-se na Newsletter: Guga Chacra, de Beirute a NY

Mais do Globo

Gangue originária da Venezuela atua em diversos países da América do Sul e EUA e está ligada a extorsões, homicídios e tráfico de drogas

Texas declara grupo Trem de Aragua, da Venezuela, como ‘terrorista’ e assume discurso de Trump contra imigração

Trabalhador de 28 anos tentava salvar máquinas da empresa e foi cercado pelo fogo

Brasileiro morre carbonizado em incêndio florestal em Portugal

Marçal prestou depoimento nesta segunda-feira (16) sobre o episódio

Novo vídeo: ângulo aberto divulgado pela TV Cultura mostra que Datena tentou dar segunda cadeirada em Marçal

Polícia Civil deve cumprir mandados de prisão contra os suspeitos ainda esta semana

Incêndios florestais no RJ: 20 pessoas são suspeitas de provocar queimadas no estado

Além de estimativas frustradas, ministro diz que comunicação do BC americano levou analistas a vislumbrar possibilidade de subida na taxa básica americana

Haddad vê descompasso nas expectativas sobre decisões dos BCs globais em torno dos juros

Ministro diz que estes gastos fora do Orçamento não representariam violação às regras

Haddad: Crédito extraordinário para enfrentar eventos climáticos não enfraquece arcabouço fiscal

Presidente irá se reunir com chefes do STF e Congresso Nacional para tratar sobre incêndios

Lula prepara pacote de medidas para responder a queimadas

Birmingham e Wrexham estão empatados na liderança da competição

'Clássico de Hollywood': time de Tom Brady vence clube de Ryan Reynolds pela terceira divisão inglesa

Projeto mantém medida integralmente em 2024 e prevê reoneração a partir de 2025

Lula sanciona projeto de desoneração da folha de pagamento de setores intensivos em mão de obra