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Por Janaína Figueiredo

A foto do encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, e o chefe da diplomacia da Rússia, Sergei Lavrov, em Nova York, causou profundo mal-estar entre governos europeus, disseram ao GLOBO fontes europeias. Uma das informações divulgadas pelo Itamaraty sobre o encontro que mais os incomodou foi a de que na conversa “os chanceleres reiteraram a preocupação com o impacto das sanções unilaterais sobre a segurança alimentar e energética global”.

Apesar da pressão exercida pela UE desde o início da guerra, o Brasil não apoiou as sanções aplicadas pelos EUA e seus aliados europeus contra a Rússia, com o argumento de que elas não ajudam a encontrar uma solução e, mais ainda, afetam terceiros países, por exemplo, no fornecimento de alimentos e energia. No âmbito das Nações Unidas, o governo brasileiro condenou o ataque russo à Ucrânia, mas questionou as sanções contra a Rússia e o envio de armas à Ucrânia.

No encontro entre os dois chanceleres, foi discutido o fornecimento de fertilizantes ao agronegócio brasileiro. Atualmente, a Rússia está entre os 15 maiores parceiros comerciais do Brasil e é o principal fornecedor de fertilizantes. Na visão de governos europeus, a atitude do governo brasileiro significa, na prática, a validação dos argumentos russos para questionar e denunciar as sanções.

Uma das fontes europeias disse que "o problemático não é tanto a posição do Brasil, mas o fato de que ela está baseada em informações falsas". Para essa fontes, "a origem das ameaças à segurança alimentar é a invasão da Ucrânia, não as sanções".

Para países da UE, nas atuais circunstâncias é inadmissível que o Brasil esteja se reunido com altas autoridades da Rússia para discutir sobre fertilizantes, quando existe a ameaça de utilização de armas atômicas pelo governo de Vladimir Putin.

O encontro entre França e Lavrov aconteceu no mesmo dia em que o presidente russo — no que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou uma fala “ultrajante” — disse estar disposto a “usar todos os meios” na defesa de seu país.

Outra fonte disse que "a aposta do Brasil é perigosa, e esse tipo de atitude se paga em perda de credibilidade".

Nesta quinta-feira, por iniciativa da França, o Conselho de Segurança da ONU discutirá a guerra na Ucrânia, com a presença de vários chanceleres, entre eles o do Brasil. O Itamaraty tem conversado com muita frequência com governos da UE, em Brasília e no exterior, mas, para frustração dos europeus, a posição brasileira — que veem como pró russa — é defendida pelo Palácio do Planalto e o Ministério das Relações Exteriores.

Segundo uma das fontes, que está em contato permanente com o governo brasileiro, o encontro foi "um sinal problemático no dia em que Putin intensifica sua guerra ilegal de agressão e anuncia plebiscitos de fachada [em territórios ocupados na Ucrânia].

Na visão de vários países europeus, a atitude do Brasil no atual momento beira a cumplicidade.

A tensão entre brasileiros e europeus vai além da guerra na Ucrânia. Em sua conta no Twitter, o embaixador da UE no Brasil, Ignácio Ibáñez, postou uma mensagem que pareceu estar destinado ao governo brasileiro, mais especificamente ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite: "A UE não afirma ter todas as respostas e estamos ansiosos para ouvir como os outros estão realizando sua própria ambição climática. Na Europa, tivemos que implementar medidas excepcionais para enfrentar a crise energética provocada pela agressão da Rússia contra a Ucrânia".

Em meados de agosto, o ministro brasileiro disse, também no Twitter, ter preocupação com a "escalada do uso do carvão mineral para produção de energia na Europa".

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