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Por O Globo e agências internacionais — Londres

Os problemas que a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, enfrenta para se manter no poder apenas seis semanas após sua posse se intensificaram nesta quarta-feira. Horas após a premier dizer ao Parlamento que é "uma lutadora, não uma desertora" e indicar que não pretende renunciar, sua ministra do Interior, Suella Braverman, deixou o governo fazendo críticas duras à gestão.

Forçada a renunciar após ter compartilhado informações sigilosas por canais não oficiais, o que constitui uma violação de segurança, Braverman disse ter preocupações "com a direção" do governo em "tempos tumultuosos". É a segunda baixa significativa no Gabinete em cinco dias, após a primeira-ministra, sob forte pressão de aliados e opositores, trocar o ministro das Finanças e abrir mão de seu plano econômico ultraliberal.

"Fingindo que nós não cometemos erros, seguindo em frente como se ninguém pudesse ver que erramos, e esperando que as coisas irão magicamente dar certo não são políticas sérias", escreveu a ministra demissionária, expoente da ala direita do Partido Conservador. "Eu cometi um erro, aceito a responsabilidade e renuncio", completou ela, dizendo ter cometido apenas "violação técnica das regras".

Braverman usou seu e-mail pessoal para enviar a um "colega parlamentar de confiança" informações sobre um documento oficial que dizia respeito à imigração. Fontes no Parlamento disseram ao Financial Times, contudo, acreditarem que o incidente foi usado como pretexto por Truss para demitir a ministra, crítica feroz dos planos para facilitar a imigração como uma solução para a escassez de mão de obra que o país enfrenta desde a implementação do Brexit, no ano passado.

A secretária, que foi uma das adversárias de Truss na corrida pela chefia conservadora e é apontada também como futura rival, será substituída por Grant Shapps, ex-ministro dos Transportes — um quadro moderado do Partido Conservador. Há boatos até agora não confirmados de que outros ministros possam seguir o caminho de Braverman para forçar um colapso do governo.

A sangria foi fatal para o ex-premier Boris Johnson, após seu então ministro das Finanças, Rishi Sunak, e o ministro da Saúde, Savid Javid, deixarem o governo. O movimento catalisou uma debandada em massa, com mais de 60 funcionários de diversos escalões pedindo demissão em dois dias. Até agora, cinco parlamentares do Partido Conservador defendem abertamente a renúncia de Truss.

Aparição no Parlamento

Na manhã desta terça, a premier havia ido ao Parlamento para a tradicional sessão de quarta-feira, a primeira desde que demitiu seu ministro das Finanças original, Kwasi Kwarteng, e desistiu de cortar impostos dos mais ricos. Há dois dias, seu novo ministro, Jeremy Hunt, reverteu o restante do plano, que previa também corte de impostos das empresas e a extensão das compensações a famílias e pequenas empresas pelo aumento das contas de gás e luz. O programa era criticado por não prever como cobrir o rombo que seria causado pela perda de arrecadação.

Truss, que na segunda havia pedido desculpas pelos erros cometidos após seu pacote assustar os mercados financeiros e provocar a queda da libra, repetiu várias vezes que corrigiu a situação "para garantir a estabilidade financeira do país".

— Sou alguém que está preparada para assumir a liderança, para tomar decisões duras — afirmou a premier na Câmara dos Comuns. — Sou uma lutadora, não uma desertora.

Apesar do discurso combativo, a sessão parlamentar marcou mais um recuo de Truss, que afirmou que manterá a promessa, feita ainda por Boris Johnson, de reajustar as pensões de acordo com a inflação, que nesta quarta chegou a 10,1% em termos anualizados, um recorde de 40 anos. Um dia depois de o governo indicar que não manteria a promessa, a premier disse que está "completamente comprometida" com ela.

Ataques trabalhistas

Truss, cuja popularidade chegou a apenas 10%, segundo pesquisa divulgada na terça-feira pelo YouGov, foi atacada por Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, em alta nas pesquisas, por seu vaivém na economia. Ele citou uma lista de políticas que ela anunciou e depois foi forçada a descartar.

— Na semana passada, a primeira-ministra esteve aqui e não prometeu absolutamente nenhuma redução de gastos, todos aplaudiram. Esta semana seu novo ministro anunciou reduções. Qual é o sentido de uma primeira-ministra cujas promessas não duram nem uma semana? — questionou. — Sua credibilidade econômica foi embora. E seu suposto melhor amigo, o ex-ministro, também. Todos eles se foram. Então por que ela ainda está aqui?

Truss respondeu acusando o Partido Trabalhista de ser a favor do sindicalismo militante, em referência ao apoio de líderes da legenda às greves recentes, e citou o ex-ministro trabalhista Peter Mandelson, que causou polêmica ao renunciar duas vezes a altos cargos no governo.

— Ela me faz perguntas porque somos um governo à espera e eles são uma oposição à espera — alfinetou Starmer. — Eles quebraram a economia.

Um dos fatores que aumenta a hesitação conservadora sobre derrubar o governo de Truss é o temor de que o partido, já abalado pelos conturbados últimos meses de Boris o poder, corra o risco de sofrer uma derrota contundente caso a eleição geral prevista para apenas para 2025 seja antecipada.

Se o pleito fosse hoje, segundo o agregador de pesquisas do site Politico, os trabalhistas teriam 52% dos votos contra 23% dos conservadores. Quando Truss foi empossada premier, em 6 de setembro, tinham respectivamente 42% e 31%.

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