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Por O Globo e agências internacionais — Kiev

A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez um alerta sombrio para o inverno na Ucrânia: segundo o diretor regional da organização, cerca de 10 milhões de pessoas estão sem energia, e até três milhões podem ser obrigadas a sair de casa em busca de condições mínimas de sobrevivência. O relato ocorre em meio ao início de uma retirada voluntária de civis que ainda estão em Kherson, cidade retomada pelos ucranianos no começo do mês.

“O inverno vai ameaçar a vida de milhões de pessoas na Ucrânia”, escreveu em comunicado Henri Kulge, representante da OMS na Europa, que está em visita ao país. “A devastadora crise da energia, a grave emergência de saúde mental, restrições ao acesso humanitário e o risco de doenças virais farão do inverno um teste formidável para o sistema de saúde da Ucrânia e para os ucranianos, e também para o mundo e seu compromisso de apoiar a Ucrânia.”

Kulge lista os estragos causados à infraestrutura básica da Ucrânia, citando danos em hospitais e sistemas de geração e transmissão de energia — na mensagem, ele afirma que 10 milhões de pessoas estão sem luz. O representante da OMS disse ainda que 703 ataques confirmados a instalações de saúde desde o início do conflito “violam as leis humanitárias e os códigos de guerra”. Para ele, os próximos meses serão “sobre a sobrevivência” dos ucranianos.

“Esperamos que de 2 milhões a 3 milhões de pessoas tenham que sair de casa em busca de aquecimento e segurança. Elas enfrentarão desafios únicos de saúde, como infecções respiratórias, incluindo a Covid-19, pneumonia e gripe, além do sério risco de difteria e sarampo”, escreveu o representante da OMS. “A guerra entrou em seu 9º mês, e 10 milhões de pessoas podem sofrer de estresse, depressão, uso de drogas e transtorno de estresse pós-traumático."

O alerta da OMS sobre a crise humanitária provocada pela invasão russa ressalta os riscos apresentados aos ucranianos que ainda estão no país, muitos deles em áreas ocupadas pelas forças de Moscou.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, um em cada três ucranianos enfrenta insegurança alimentar, e 15,7 milhões de pessoas dependem de assistência humanitária. Em entrevista ao El País, o representante da agência da ONU na Ucrânia, Matthew Hollingworth, declarou que um fator que agrava essa crise é a alta dos preços de alimentos e itens básicos — segundo ele, os itens da cesta básica tiveram aumento de 35%.

Números do Banco Mundial, divulgados em outubro, apontam que 25% da população estarão abaixo da linha da pobreza até o final do ano, contra 2% antes do começo da guerra. Segundo as projeções mais pessimistas, esse índice poderá chegar a 55% até o final do ano que vem. Indicadores que demonstram a necessidade de ações rápidas para o país.

Em meio à crise humanitária, o governo ucraniano deu início à retirada voluntária dos civis que ainda estão em Kherson, cidade no Sul do país que foi retomada depois de passar meses sob controle russo. A operação foi concluída no começo de novembro, depois de uma retirada russa que foi comparada a uma derrota vergonhosa por alguns aliados do Kremlin.

Hoje, a cidade está sem fornecimento de água, luz e aquecimento, e seus moradores precisam passar horas em filas para obter água e os poucos alimentos disponíveis. Com o reinício das viagens de trens de passageiros à região, as autoridades em Kiev querem viabilizar a saída de quem quiser seguir para áreas mais seguras. Afinal, ataques russos ainda são recorrentes, mesmo em áreas urbanas.

Em mensagem no Telegram, a vice-premier Iryna Vereshchuk afirmou que o primeiro trem já deixou a cidade na noite de segunda-feira, e que neste momento estão sendo priorizadas pessoas mais “vulneráveis”, como idosos e cidadãos com mobilidade reduzida.

“Diante das dificuldades de segurança da cidade e dos problemas de infraestrutura, vocês podem seguir para regiões mais seguras do país no inverno”, disse Vereshchuk, afirmando ainda que os moradores de Mykolaiv, a 58 km de distância, também poderão embarcar em trens fornecidos pelo governo.

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