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Por O Globo e agências internacionais — Kiev

A Rússia lançou dezenas de mísseis contra a infraestrutura de energia ucraniana na manhã desta sexta-feira, interrompendo os sistemas de aquecimento em aldeias e cidades em toda a Ucrânia, em meio a temperaturas congelantes, bem abaixo de zero.

Até às 15h locais (10h no Brasil), a Rússia lançou no mínimo 76 mísseis de bombardeiros e navios de guerra contra alvos em várias cidades da Ucrânia, disse Yuriy Ihnat, porta-voz da Força Aérea ucraniana. Foi o nono bombardeio de grande escala desde outubro, com entre 70 e 100 mísseis em cada um. Segundo o porta-voz, 60 dos mísseis foram derrubados, sendo que, dos 40 lançados contra a capital, 37 foram interceptados.

Apesar das interceptações, de acordo com Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe de Gabinete da Presidência, a Rússia atingiu instalações de energia em várias regiões ucranianas. Devido a isso, cortes de emergência foram feitos "em todo o país" para racionar energia enquanto as equipes tentavam reparar os danos. “Pedimos a sua compreensão em relação às quedas de energia e interrupções temporárias no fornecimento de água e calefação”, disse Tymoshenko em um comunicado.

Grandes explosões foram relatadas em cidades de todo o país, incluindo Kiev, Kharkiv e Odessa. Os primeiros relatos indicam que no mínimo duas pessoas foram mortas na capital. A população abrigou-se em estações de metrô e porões.

Um prédio de três andares destruído por mísseis russos em Kryvvy Rih, na província de Dnipropetrovsk — Foto: Serviço de Emergência da Ucrânia
Um prédio de três andares destruído por mísseis russos em Kryvvy Rih, na província de Dnipropetrovsk — Foto: Serviço de Emergência da Ucrânia

Ihnat, o porta-voz da Força Aérea, disse que a Rússia disparou mísseis de diversos tipos na tentativa de escapar das defesas aéreas ucranianas. Munições menos precisas e drones foram empregados para sobrecarregar as defesas aéreas ucranianas e permitir que os mísseis de precisão mais poderosos de Moscou atingissem os seus alvos.

Este é o nono grande ataque russo contra a infraestrutura ucraniana nos últimos dois meses. Desde outubro, depois de uma explosão que danificou a ponte entre a Península da Crimeia e o território russo, Moscou vem atacando a rede elétrica, de aquecimento e a infraestrutura de água e gás natural da Ucrânia com mísseis e drones, adotando uma estratégia pensada para desmoralizar os ucranianos, mergulhando o país na escuridão e no frio à medida que o inverno se aproxima.

“As instalações de energia já foram danificadas tanto no Leste quanto no Sul do país”, disse Herman Galushchenko, ministro da Energia, em comunicado nesta sexta-feira.

Vitali Klitschko, prefeito de Kiev, disse que houve explosões e ataques contínuos em pelo menos três distritos da capital e pediu aos moradores que permanecessem em abrigos. Ele acrescentou que interrupções no abastecimento de água ocorreram na cidade. A empresa privada de energia da Ucrânia DTEK disse que cortes de eletricidade de emergência foram adotados na capital.

O serviço de metrô foi interrompido temporariamente em todas as linhas, com as estações repletas de civis em busca de proteção, e o abastecimento de água foi interrompido em toda a cidade por causa de danos à infraestrutura, escreveu o prefeito no aplicativo de mensagens Telegram.

Na segunda maior cidade, Kharkiv, no Leste, houve "destruição colossal" da infraestrutura, de acordo com o prefeito da cidade, Igor Terekhov, em informe no Telegram.

Ele citou danos ao sistema de energia e acrescentou que os engenheiros estão trabalhando para corrigir a situação, pedindo paciência à população. "Sei que nas sua casas não há luz, não há aquecimento, não há abastecimento de água."

O governo ucraniano informou que as forças russas atingiram um prédio residencial em Kryvyi Rih, na província de Dnipropetrovsk. Ele disse que havia pessoas sob os escombros e que os serviços de emergência estavam trabalhando no local.

A bateria de ataques acontece enquanto a Ucrânia acusa a Rússia de planejar uma renovada ofensiva terrestre para o início de 2023. A ofensiva pode ocorrer na região leste de Donbass, no Sul, ou mesmo em direção a Kiev, dizem generais de alto escalão.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksii Reznikov, disse ao jornal The Guardian que o ataque poderia ocorrer em fevereiro, quando metade dos 300 mil soldados convocados pela Rússia em outubro para apoiar a guerra completam o seu treinamento.

Parte destes soldados está treinando na Bielorrússia. Na segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, vai ao país encontrar-se com o seu homólogo bielorrusso, Alexander Lukashenko. Analistas consideram improvável que a Bielorrússia ingresse no conflito, e não há informações neste sentido.

Os ataques acontecem enquanto crescem boatos de que a Ucrânia receberá sistemas avançados de mísseis de defesa Patriot, construídos nos EUA, para sua defesa antiaérea. Este é um sistema muito avançado, e cada um de seus mísseis tem valor aproximado de US$ 3 milhões.

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