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Por Sebastian Ortiz Martínez, El Comercio — Lima

Dina Boluarte, de 60 anos, tornou-se a primeira mulher a assumir a Presidência do Peru, depois que Pedro Castillo tentou fechar o Congresso, mas acabou destituído e preso na quarta-feira, acusado de tentativa de golpe de Estado após sofrer seu terceiro pedido de impeachment em um ano e quatro meses de governo. Desde então, Boluarte tem optado pelo silêncio, que só rompeu para rejeitar a manobra do seu antecessor.

“Rejeito a decisão de Pedro Castillo de perpetrar a quebra da ordem constitucional com o fechamento do Congresso. É um golpe de Estado que agrava a crise política e institucional que a sociedade peruana terá que superar com estrito cumprimento da lei”, afirmou ela, por meio de sua conta no Twitter.

Foi assim que Boluarte, uma advogada de formação, deixou publicamente de apoiar o professor e líder sindical originário da esquerda radical, com quem havia cerrado fileiras quando o Parlamento tentou afastá-lo em dezembro do ano passado e depois em março. Um ano antes, ela disse que, se Castillo fosse destituído do cargo, ela iria junto com ele.

— Agora mesmo, quando a moção de vacância está sendo debatida. Quem saiu à imprensa para dizer que minha lealdade ao presidente Pedro Castillo é à prova de balas? Se o presidente for afastado, eu irei com o presidente — disse ela durante uma atividade oficial em Juliaca, Puno.

Pedido de cassação

Na segunda-feira, a Subcomissão de Acusações Constitucionais (SAC) do Congresso aprovou, por maioria, a exoneração da então vice-presidente de uma denúncia por suposta violação constitucional. Com essa decisão, ela ficou com o caminho pavimentado para assumir a chefia do Estado.

Um setor da oposição havia pedido a cassação de Boluarte por 10 anos depois que a Controladoria alertou em meados deste ano que a ex-ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social assinou documentos como presidente de uma clube departamental quando já estava à frente da pasta, incluindo um pedido ao Município de Lima para que a associação pudesse funcionar.

A advogada também se omitiu de incluir Alfredo Florentino Pezo Paredes, marido de sua irmã, em sua declaração juramentada de interesses. Paredes pessoa foi contratado pelo Estado para oferecer seus serviços profissionais.

Segundo uma série de denúncias, que se acumularam, Boluarte teria desrespeitado os artigos 38 e 126 da Constituição. O primeiro estabelece que todos os peruanos são obrigados a respeitar o ordenamento jurídico do país, enquanto a outra estabelece que os ministros de Estado "não podem ser gestores de interesses próprios ou de terceiros, nem exercer atividade lucrativa, nem intervir na direção ou gestão de empresas ou associações privadas”.

Parceria recente

A advogada concorreu sem sucesso à prefeitura de Surquillo, onde reside, em 2018, e também tentou uma vaga nas eleições extraordinárias para o Parlamento em 2020. Sempre pelo Peru Livre, partido pelo qual Castillo se elegeu, antes de romper com a sigla em junho deste ano. Boluarte só conheceu pessoalmente Castillo — que em 2017 liderou uma greve dos professores por quatro meses — na última campanha geral.

— Eles [o partido] nos disseram que ele seria o candidato à Presidência. Quando nos encontramos cara a cara, pude ver que ele era uma pessoa muito nobre — declarou.

Fala polêmica

Na noite de 11 de abril de 2021 — após saber que o Peru Livre estaria no segundo turno — Boluarte fez sua primeira grande aparição na mídia em uma entrevista coletiva fora das dependências de seu partido no centro de Lima. Ela não descartou um eventual fechamento do novo Parlamento caso fosse obstrucionista, como foi o Congresso dominado pelo Força Popular, o partido fujimorista, entre 2016 e 2019.

— Não queremos um Congresso obstrucionista como o que tivemos, (..) por isso Vizcarra fechou o Congresso, porque era obstrucionista. E não só obstrucionista, mas protetor do Judiciário, dos corruptos. Se isso acontecesse, certamente seria necessário fechar o Congresso. Mas, se o Congresso for democrático e os parlamentares projetarem leis que favoreçam as grandes maiorias, serão bem-vindos, vamos continuar trabalhando — enfatizou.

Nova Constituição

Em 20 de julho do ano passado, um dia após a Junta Nacional Eleitoral ter divulgado os resultados do segundo turno, Boluarte afirmou que o novo governo iria propor a realização de um "referendo" para consultar se o povo peruano era a favor ou não da instalação de uma assembleia constituinte que redijiria uma nova Carta Magna.

— Sim, propomos fazer um referendo, que o povo peruano decida se vamos a uma assembleia constituinte ou não. Esse é o mecanismo que vamos propor ao povo peruano em primeiro lugar — disse ela no programa Primer Plano da TV Bolívia.

Boluarte havia expressado uma posição semelhante dias antes, no I Congresso de Todos os Sangues do Peru, realizado no Apurímac Clube em Lima, que ela presidiu entre 2017 e 2018.

— Somos pela mudança e essa mudança tem que ser estrutural — afirmou. — Assinaremos essa Constituição com a cor e o sabor do povo, com vocês, escrevendo a história do Peru.

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