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Por AFP e The New York Times — Kiev

Vários altos funcionários ucranianos foram destituídos nesta terça-feira, incluindo um importante assessor do presidente Volodymyr Zelensky e os governadores de várias regiões ucranianas, em meio a um suposto escândalo de corrupção no Exército do país em guerra. A medida marcou a maior mudança no governo de Zelensky desde o início da invasão russa, 11 meses atrás.

O governo da Ucrânia, que anunciou as destituições no aplicativo de mensagens sociais Telegram, não forneceu detalhes sobre o motivo dos desligamentos, mas eles aconteceram após relatos de que funcionários concordaram em pagar preços inflacionados por alimentos destinados às tropas do país.

Além de Kyrylo Tymoshenko, vice-chefe do gabinete presidencial, que supervisionava a política regional e previamente trabalhou na campanha eleitoral de Zelensky, cinco governadores regionais e outras autoridades perderam seus cargos.

Eles incluem os governadores da região de Dnipropetrovsk, Valentin Reznichenko; da região de Zaporíjia, Oleksandr Starukh; da região de Sumy, Dmytro Zhivytsky; da região de Kherson, Yaroslav Yanushevich; e da capital, Kiev, Oleksiy Kuleba. As informações foram dadas por Taras Melnichuk, representante do governo no Parlamento.

O governo exonerou também o vice-ministro da Política Social, Vitalii Muzychenko, além de dois vice-ministros do Desenvolvimento Territorial, Ivan Lukeria e Viacheslav Negoda. Também foram demitidos Anatoly Ivankevich e Viktor Vychniov, ambos vice-diretores do Serviço de Transporte Marítimo e Fluvial da Ucrânia.

Mais cedo na terça-feira, o Ministério da Defesa da Ucrânia disse que Viacheslav Shapovalov, o vice-ministro de Defesa, "pediu para ser demitido" após as denúncias. O ministério disse em comunicado que liberar Shapovalov de suas funções "preservará a confiança" dos ucranianos e dos parceiros internacionais do país.

As primeiras denúncias surgiram no dia 21, quando a revista semanal Zerkalo Nedeli denunciou em uma reportagem investigativa que Shapovalov tinha assinado a compra de alimentos superfaturados para o Exército no valor de € 303 milhões, por meio de uma companhia desconhecida. No dia seguinte, o vice-ministro da Infraestrutura, Vasyl Lozinskyi, foi preso pela polícia anticorrupção e imediatamente demitido ao receber uma propina de € 367 mil por facilitar contratos de reconstrução de instalações destruídas na guerra.

Embora não haja provas de que as demissões se relacionam à apropriação indevida de assistência militar ocidental, as demissões parecem refletir o objetivo de Zelensky de tranquilizar os países aliados da Ucrânia — que estão enviando bilhões de dólares em ajuda militar — de que seu governo mostrará tolerância zero para a corrupção, enquanto se prepara para uma possível nova ofensiva de Moscou.

Tymoshenko era bem conhecido nacional e internacionalmente, frequentemente encarregado de fornecer atualizações sobre a guerra. Mas os jornalistas ucranianos levantaram questões sobre seu estilo de vida luxuoso e o possível uso de recursos do governo.

Em particular, ele foi criticado por andar em uma SUV cara que a General Motors havia doado para uso em missões humanitárias. Tymoshenko também foi incluído em uma investigação da polícia anticorrupção pela suposta apropriação de € 7 milhões da ajuda humanitária. Ele nega as acusações.

A Ucrânia enfrenta problemas crônicos de corrupção desde muito antes da invasão. Mas, para muitos ucranianos, o sentimento de luta comum e unidade durante a guerra torna particularmente revoltante a ideia de que altos funcionários podem prejudicar o esforço coletivo do país para seu próprio benefício, especialmente se a corrupção envolver os militares.

No fim de semana, o jornal ucraniano ZN.UA noticiou que o Ministério da Defesa comprou alimentos a preços inflacionados, incluindo ovos a três vezes o seu custo. O ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, chamou as alegações de "tolice absoluta" e produto de "informações distorcidas".

Em sua declaração na terça-feira, o ministério enfatizou que as "acusações expressas são infundadas e sem fundamento", mas chamou o pedido de demissão de Shapovalov de "um ato digno nas tradições da política europeia e democrática, uma demonstração de que os interesses da Defesa são superiores a quaisquer cargos ou cadeiras.”

O governo não anunciou medidas criminais contra os demitidos. O fato de Shapovalov ter demorado três dias para deixar o cargo levanta sérias questões sobre o compromisso do Ministério da Defesa em erradicar a corrupção, disse Vitaliy Shabunin, diretor de operações do Centro de Ação Anticorrupção, uma organização não governamental com sede em Kiev.

— Um novo contrato social surgiu durante a guerra entre a sociedade civil, os jornalistas e o governo: não iremos criticá-lo como fazíamos antes da guerra, mas sua reação a qualquer escândalo e ineficácia deve ser o mais dura possível — disse Shabunin. — A posição do ministro da Defesa quebrou esse acordo.

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