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Por Talita Fernandes, especial para O Globo — Washington

Se o 11 de Setembro criou um novo marco para a segurança dos Estados Unidos, o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para impedir a diplomação de Joe Biden modificou a vida em Washington. A imagem de pessoas invadindo o Congresso Nacional da maior economia global gerou tamanho trauma que, dois anos depois, modificações ainda seguem sendo implementadas.

Desde o atentado, a proteção e os protocolos de segurança na sede do Congresso foram reforçados e, mesmo recentemente, novas leis foram aprovadas para impedir a repetição do episódio. Em 15 de dezembro de 2022, parlamentares chegaram a um acordo bipartidário entre democratas e republicanos, algo pouco usual, para aprovar um projeto que lei que facilita o acionamento da Guarda Nacional em caso de necessidade de reforço. O projeto agora aguarda a sanção de Biden.

Em 2 de janeiro, a Polícia do Capitólio divulgou um balanço sobre o que foi feito nos últimos anos, indicando ter feito 100 melhorias significativas.

— Estamos claramente em melhores condições do que estávamos antes do ataque de 6 de janeiro, e isso se deu graças ao árduo trabalho e dedicação de mais de 2 mil empregados— diz o texto assinado pelo chefe da instituição, Tom Manger.

Entre alguns detalhes listados estão treinamento e contratação de mais efetivo e parceria com agências de segurança da área de Washington e de outras regiões da Costa Leste, em caso de necessidade de reforços.

No mesmo informe, publicado em formato de carta, Manger reconhece que, apesar dos esforços, mais ações precisam ser tomadas devido ao atual clima de ameaça “particularmente voltado a autoridades eleitas”. O chefe da Polícia diz ainda que, em meio à polarização dos EUA, se qualquer outra iniciativa como a de 6 de janeiro acontecer, eles estarão preparados.

Para Donell Harvin, professor e especialista em segurança nacional, os riscos não se limitam ao Congresso:

— Assim como no 11 de Setembro, nesse assunto, você nunca vai ver uma cópia do mesmo ataque. Você nunca vai ver dois aviões atingindo arranha-céus de novo. Mas você vai ver os adversários ajustarem e mudarem suas táticas para procurar novas testemunhas para outro tipo de ataque.

Em entrevistas e artigos recentes publicados na imprensa americana, Harvin tem comentado que vê como principal falha do relatório do comitê do Congresso que investigou o caso a ausência de condenações para autoridades de segurança que foram coniventes com os ataques.

Ao GLOBO, ele acrescentou que vê paralelos entre o que ocorreu em Washington e os atos terroristas de domingo, em Brasília. Ele considera a versão brasileira dos ataques mais grave por ter envolvido não apenas um, mas três Poderes. Além disso, Harvin recomenda que autoridades brasileiras e americanas deveriam se concentrar em investigar se há influência de pessoas dos Estados Unidos nos atos de domingo.

— Pensando de forma mais ampla, minha preocupação é que os Estados Unidos são considerados o farol da democracia no mundo todo. Se o que acontece em nosso país está acontecendo em outros países democráticos no nosso hemisfério, imagina o que poderia acontecer em nações menos democráticas do mundo?

Pergunta sem resposta

Uma visita ao Congresso Nacional, possibilidade que foi retomada a partir de 22 de março de 2022, pode dar a impressão de que foi tudo recuperado, mas o tema segue sendo um tabu para a instituição. Nada em relação ao incidente foi acrescentado ao vídeo institucional exibido no início da visita de turistas ao Capitólio, que conta sobre períodos anteriores em que o prédio foi destruído e passou por reformas. Contudo, em setembro de 2022, a reportagem presenciou um questionamento feito por um dos integrantes da visita agendada sobre por onde os invasores teriam acessado o prédio. A guia respondeu que esse tipo de pergunta não poderia ser respondida por questões de segurança.

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