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Por O Globo e The New York Times — Oslo

Um ex-membro da notória força russa de mercenários Grupo Wagner se rendeu às autoridades norueguesas, em uma rara deserção que seu advogado e ativistas russos de direitos humanos dizem que pode ajudar nas investigações internacionais sobre atrocidades cometidas por Moscou na Ucrânia.

Andrei Medvedev, que diz ter comandado cerca de 15 combatentes do grupo na Ucrânia, pediu asilo na Noruega depois de ser detido pelas forças de segurança locais por cruzar ilegalmente a fronteira do país com a Rússia na madrugada de sexta-feira, informou seu advogado, Brynjulf Risnes.

Em uma mensagem em vídeo, ele diz que deixou a Rússia no último dia 12 e atravessou um rio gelado que separa a Rússia da Noruega, próximo da cidade de Nikel, com uma patrulha russa em sua perseguição.

— Corri e corri e corri numa superfície gelada até chegar à primeira cidade [norueguesa] e pedir ajuda — afirmou.

As autoridades de imigração norueguesas confirmaram que um homem com a descrição de Medvedev foi detido e pediu asilo, mas se recusou a fazer mais comentários, citando questões de segurança e privacidade.

No vídeo publicado na segunda-feira, Medvedev disse ao ativista russo de direitos humanos Vladimir Osechkin que havia entrado na Noruega a pé e pedido asilo depois de se entregar à polícia. Ele disse que estava disposto a colaborar com investigadores internacionais sobre possíveis crimes de guerra cometidos pelo Wagner, um grupo de mercenários que ajuda o Kremlin na Ucrânia.

Risnes, o advogado, disse que o caso de Medvedev é o primeiro desse tipo na Noruega, acrescentando que pode abrir um precedente sobre como o Ocidente lida com a deserção de combatentes russos.

Em uma série de entrevistas ao The New York Times antes de deixar a Rússia, Medvedev, de 26 anos, disse que se juntou ao Grupo Wagner em julho e liderou um destacamento formado principalmente por prisioneiros nas batalhas ao redor da cidade de Bakhmut, no Leste da Ucrânia.

O nome da unidade de Medvedev foi corroborado por um de seus supostos subordinados, um prisioneiro recrutado chamado Yevgeny Nujin, que foi interrogado pelas forças ucranianas depois de se render a elas em setembro.

Nujin foi devolvido ao Wagner em uma troca de prisioneiros pouco depois e executado por traição.

Medvedev disse que desertou em novembro, antes do assassinato de Nujin, e voltou para a Rússia. Lá, ele contatou Osechkin e outros ativistas de direitos humanos para obter ajuda. Ele se alternou entres várias cidades até sua fuga para a Noruega.

— Ele estava com medo de ser executado da mesma maneira que Yevgeny Nujin, com uma marreta. Nós, como defensores dos direitos humanos, decidimos ajudá-lo e proteger sua vida — disse Osechkin à CNN americana na segunda-feira.

A certa altura, em novembro, ele se aproximou do quartel-general do Grupo Wagner em São Petersburgo e entregou sua placa de identificação militar a um segurança, cena capturada em vídeo por um companheiro e postada no YouTube.

Os próprios relatos de Medvedev sobre sua vida e serviço militar foram contraditórios às vezes, e ele se recusou a fornecer evidências para suas afirmações mais explosivas.

Medvedev, que cresceu em um orfanato siberiano e cumpriu pelo menos quatro anos de prisão por roubo, disse que testemunhou na linha de frente execuções sumárias de combatentes do Wagner acusados de covardia e deserção, bem como taxas dramáticas de baixas sofridas por unidades de prisioneiros enviadas por comandantes para missões suicidas. As afirmações não foram verificadas de forma independente.

Dois conhecidos de Medvedev, que o conhecem desde julho, confirmaram que ele se alistou no Grupo Wagner, mas não puderam confirmar os detalhes de seu serviço. Suas identidades estão sendo mantidas em sigilo para protegê-los contra potenciais retaliações.

O contrato de Medvedev com o Grupo Wagner no ano passado foi a terceira vez que ele realizou atividades militares no Leste da Ucrânia, de acordo com pessoas na Ucrânia e na Rússia que o conheceram na época. Ele esteve anteriormente no Donbass em 2015 e 2020, embora sua função exata e afiliação na época não sejam claras.

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