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Por O Globo, AFP

A presidente do Peru, Dina Boluarte, disse na sexta-feira que não renunciará ao cargo, apesar da crescente pressão política e das manifestações, que já duram cinco semanas. Os atos já deixam 49 mortos, mais do que os 39 dias em que está no poder, assumindo após a destituição e posterior prisão do então mandatário, Pedro Castillo, que horas antes havia tentado fechar o Congresso.

Em uma mensagem televisionada na noite de sexta-feira, Boluarte disse que não poder "deixar de reiterar meu pesar pelas mortes de peruanos nos protestos" e pediu desculpas "por esta situação". Não acatou, contudo, ao pedido dos manifestantes que pedem sua saída:

— Algumas vozes que vêm dos violentos e radicais pedem minha renúncia, incitando a população ao caos, à desordem e à destruição, digo-lhes de forma responsável: não vou renunciar, meu compromisso é com o Peru — disse em mensagem ao país transmitida pela televisão estatal.

O Peru viveu o décimo dia consecutivo de protestos na sexta-feira, após uma trégua de fim de ano. Três ministros renunciaram — um na quinta e os outros dois no dia seguinte —, e os bloqueios de estradas persistiram no sul dos Andes, afetando a cidade turística de Cusco e o trem para Machu Picchu.

A sexta-feira começou com um bloqueio quase total de Arequipa, a segunda maior cidade do país e berço das revoluções, sem comunicação terrestre com as vizinhas regiões andinas de Cusco e Puno.

Também houve marchas em Tacna, 1.220 km a sudeste da capital Lima, fronteira com o Chile. O país fechou temporariamente sua passagem com o Peru, na quinta-feira, "devido a manifestações nas proximidades do complexo fronteiriço peruano de Santa Rosa", segundo informaram as autoridades chilenas.

Após rejeitar um projeto de reforma constitucional para antecipar as eleições gerais de 2026 para dezembro de 2023, o Congresso peruano aprovou no último dia 20 que o pleito geral seja adiantado para abril de 2024. Os manifestantes, contudo, argumentam que a situação não pode se estender até lá, demandando um novo adianto.

Além da renúncia de Boluarte, da antecipação das eleições, e do fechamento do Congresso, os protestos exigem a convocação de uma Constituinte para substituir a Carta Magna de 1993, promovida pelo então presidente Alberto Fujimori, que estabelece a economia de mercado como o eixo do desenvolvimento socioeconômico.

No dia 10, a Promotoria anunciou que investigará Boluarte pelos supostos crimes de "genocídio, homicídio qualificado e ferimentos graves" durante manifestações antigovernamentais nas regiões andinas de Apurímac, La Libertad, Puno, Junín, Arequipa e Ayacucho. Na sexta, a missão de observação que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) enviou a Lima disse ter concluído que os "peruanos não estão se escutando" e pediu que o uso de força excessiva seja investigado pelas autoridades.

O chefe do grupo, o advogado guatemalteco Stuardo Ralón, exigiu investigações imparciais frente a indícios de que integrantes das Forças Armadas abusaram de seu poder. O grupo da CIDH, braço da Organização dos Estados Americanos (OEA), afirmou também que a crise política peruana é crônica desde 2016 — e não pode ser desassociada da desigualdade histórica enfrentada por grupos minoritários como povos indígenas e comunidades negras.

Além dos quase 50 mortos, ao menos 329 pessoas foram detidas por "alterar a tranquilidade pública". O Ministério Público também anunciou que abriu oito investigações para esclarecer os episódios de violência, enquanto o Congresso exigiu que o Executivo dê explicações sobre os confrontos.

Embora se considere de esquerda, Boluarte é vista como uma "traidora" pelas comunidades e militantes que apoiam Castillo e tem o apoio dos setores da direita que antes promoviam sua queda. Não é à toa que os atos concentram-se no Sul peruano, região que há um ano garantiu a vitória do ex-professor rural contra Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000).

Até agora, as regiões do Norte do Peru, onde estão localizadas grande parte das indústrias que são pilares da economia peruana, mineração e agroexportação, permanecem sem manifestações.

Desde que chegou ao poder em julho de 2021, Castillo governava em guerra com o Legislativo — quando caiu, estava já em seu quinto primeiro-ministro. Acusado ​​de rebelião e outros delitos pela tentativa de golpe de Estado. ele cumpre 18 meses de prisão preventiva.

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