Enquanto sobrevoava o Deserto do Saara, no início de uma aguardada visita à África, o Papa Francisco pediu uma oração pelas pessoas que morreram tentando atravessar o deserto e o Mar Mediterrâneo em tentativas de chegar à Europa. O Pontífice comparou os campos para refugiados, cujos maiores estão presentes na África, aos campos de concentração nazistas.
— Neste momento estamos sobrevoando o Saara. Por favor, pensemos em silêncio, com uma oração por todos aqueles que, buscando um pouco de bem-estar e liberdade, cruzaram e não conseguiram sobreviver — disse em italiano após cumprimentar os cerca de 70 jornalistas presentes no avião.
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O Papa argentino também exortou a rezar por "todas as pessoas que sofrem quando chegam ao Mediterrâneo depois de terem atravessado o deserto, e então ficam num 'läger' e sofrem", disse ele, usando a palavra alemã para esses campos.
O líder da Igreja Católica, que é um fervoroso defensor dos direitos dos refugiados, já comparou em várias ocasiões os campos para migrantes com os campos de concentração da Segunda Guerra Mundial, e denunciou que os milhares de mortos na travessia do Mediterrâneo tornam esse mar o "maior cemitério do mundo".
Em viagem a Chipre em dezembro de 2021, ele criticou a escravidão e a tortura sofridas nesses campos.
O mundo em imagens nesta terça-feira
— Isso nos lembra toda a história do século passado, os nazistas, Stalin — declarou.
O Papa Francisco chegou a Kinshasa, na República Democrática do Congo, por volta 11h em Brasília, numa viagem que o levará também ao Sudão do Sul.
Ao expressar gratidão por poder realizar essa tão desejada viagem apostólica à RDC e ao Sudão do Sul, o Papa também expressou sua decepção por não poder mais visitar a cidade congolesa de Goma devido à violência na área.
No avião, mantendo a tradição, o Papa trocou uma breve saudação com cada jornalista, à medida que eles subiam para cumprimentá-lo a bordo do voo, em sua 40ª viagem ao exterior.
O Papa agradeceu à imprensa pelo seu trabalho, que permite que a visita chegue a pessoas de todo o mundo.
Na manhã de terça-feira, antes de deixar sua residência no Vaticano na Casa Santa Marta, Francisco se encontrou com cerca de dez migrantes e refugiados da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul, que são apoiados, juntamente com suas famílias, pelo Centro Astalli, administrado pelos jesuítas, em Roma.
O governo italiano atualmente é liderado por uma coalizão radical de direita, chefiada por Giorgia Meloni, e tem ferrenhas políticas contra imigrantes.
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