Policiais e manifestantes entraram em confronto na Alemanha, neste sábado, durante um protesto que contou com a presença da ativista ambiental Greta Thunberg, de 20 anos. O ato contra a expansão de uma mina de carvão a céu aberto no vilarejo de Lützerath, no oeste do país, reuniu cerca de 35 mil pessoas, de acordo com a organização.
Na manifestação, centenas de militantes tentaram entrar em áreas restritas da uma mina de lignto, informaram as forças de segurança. A polícia chegou a se pronunciar no Twitter pedindo para que as pessoas "saiam desta área imediatamente!".
Jornalistas da AFP testemunharam confrontos entre grupos de manifestantes e agentes da polícia. Os guardas foram alvos de sinalizadores e outros artefatos. A mídia também noticiou que pedras foram atiradas. Nas imagens televisionadas, uma fileira de agentes com equipamento reforçado, como capacetes e escudos, protegia as margens de um fosso profundo do qual os ativistas se aproximavam.
As forças de segurança também resguardavam o acesso ao município de Lützerath, bloqueado por grades e ocupado por dezenas de protestantes, que vêm sendo evacuados pela polícia desde o início das manifestações.
O protesto deste sábado foi organizado em apoio a ativistas que ocupam o local abandonado, e foi liderado simbolicamente por Thunberg. O plano criticado prevê que o trecho localizado na bacia do rio Reno, entre Düsseldorf e Colônia, seja removido para que a mina de lignito, operada pela empresa alemã de energia RWE, possa ser ampliado.
— É uma vergonha que o governo alemão firme acordos e compromissos com empresas como a RWE — Greta declarou Thunberg de uma tribuna. — O carvão de Lützerath deve permanecer no solo— proclamou a sueca diante dos manifestantes, pedindo para que o clima não seja sacrificado às custas do "crescimento a curto prazo e da ganância empresarial".
As forças de segurança retomaram a desocupação do acampamento no início da manhã deste sábado. Até a noite desta sexta-feira, entre 20 e 40 ativistas permaneciam no local, disse à AFP um porta-voz do movimento. A operação, que já dura vários dias, mobilizou reforço militar de toda a Alemanha e até o momento, 470 protestantes deixaram o local, segundo a imprensa alemã.
O movimento também foi apoiado por outros protesto em todo o país. Nesta sexta, ativistas mascarados incendiaram contêineres e pintaram slogans nos escritórios do partido alemão Aliança 90/Os Verdes, em Berlim. O grupo político, que faz parte da coalizão com os social-democratas do chanceler Olaf Scholz e o Partido Democrático Liberal, é alvo de duras críticas de alguns ativistas que o acusam de traição por ter assinado um acordo com a RWE que permite a exploração em Lützerath, onde habitantes foram expropriados há muitos anos.
O Poder Executivo alemão considera necessária a extensão da mina para garantir a segurança energética da Alemanha, compensando a interrupção do abastecimento de gás russo, razão que os protestantes rejeitam, alegando que as atuais reservas de lignito são suficientes.
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