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Por The New York Times — Huwara, Cisjordânia

Quando um atirador palestino matou a tiros dois colonos israelenses no último domingo à tarde em Huwara, no norte da Cisjordânia ocupada, moradores de vilarejos vizinhos já imaginavam que a vingança chegaria. Mas poucos poderiam antecipar a truculência com a qual uma multidão de colonos respondeu ao incidente já à noite.

Em quatro vilarejos palestinos próximos ao local onde os irmãos judeus foram assassinados, ao menos 200 construções foram queimadas e vandalizadas pelos colonos, informaram grupos de direitos humanos israelenses e autoridades palestinas. Segundo um oficial palestino, uma pessoa morreu durante o ataque.

O episódio é um dos mais violentos protagonizados por colonos israelenses e acontece no início de ano considerado o mais mortal na Cisjordânia desde 2000, de acordo com autoridades palestinas. A escalada da violência na região tem mostrado poucos sinais de distensão apesar dos esforços de lideranças locais, que se reuniram na Jordânia no mesmo domingo e se comprometeram a evitar novos conflitos.

No entanto, há poucas esperanças de diálogo no horizonte. Por um lado, o governo de extrema direita de Benjamin Netahyahu em Israel conta com diversos colonos nos seus ministérios. Por outro, líderes palestinos perdem cada vez mais o controle sobre os grupos armados que atuam na região. Nesta segunda-feira, outro ataque a tiros foi registrado no sul da Cisjordânia, deixando uma pessoa gravemente ferida.

Frequentemente à vista de soldados israelenses, centenas de colonos, alguns deles com facas e armas, incendiaram casas e carros durante uma investida de cinco horas no domingo, depois de os dois irmãos morrerem a tiros enquanto cruzavam a cidade palestina de Huwara horas antes.

— Este é o preço para viver na Palestina — desabafou Ammar Damedi, 37, comerciante de ouro em Huwara, cuja família vive em um dos complexos mais atingidos pela represália.

Cerca de 60 palestinos foram mortos na Cisjordânia desde o início de 2023, a maioria em disputas entre grupos armados palestinos e soldados israelenses. No mesmo período, ao menos 13 israelenses morreram em ataques palestinos em Jerusalém e na Cisjordânia.

Autoridades do governo israelense, incluindo Netanyahu, pediram calma, enquanto o Exército disse que enviaria dois batalhões adicionais para o território ocupado.

— Peço, mesmo quando o sangue estiver fervendo, que não se faça justiça com as próprias mãos — afirmou o premier israelense no domingo à noite.

Mas outras figuras da coalizão de extrema direita deram um tom diferente ao caso. O deputado Limor Son Har-Melech viajou no domingo à noite para local dos ataques e disse "apoiar o grito justo" dos colonos que "saíram para protestar e exigir segurança". Já o parlamentar Tzvika Foghel afirmou ter ficado satisfeito com o resultado dos ataques.

— Onde quer que os terroristas venham me assassinar, quero ver o lugar em chamas — disse Foghel.

Entre os palestinos, há uma forte percepção de que os colonos haviam sido inspirados pela coalizão no comando do governo israelense, que inclui vários líderes colonos em ministérios-chave, como o das Finanças e o da Segurança Nacional.

Perguntado sobre por que o Exército israelense não evitou a violência dos colonos e até mesmo ficou parado enquanto alguns ataques ocorriam, um oficial militar, que pediu anonimato, reconheceu que erros haviam sido cometidos. Segundo ele, há um esforço por parte das autoridades para prender os envolvidos, e 10 colonos já foram detidos.

Os irmãos Hillel e Yagel Yaniv foram enterrados em Jerusalém nesta segunda-feira. Ambos na faixa dos 20 anos, eles moravam em Har Bracha, um assentamento judeu construído nas colinas acima de Nablus em 1983. O local é considerado ilegal sob o direito internacional pela maioria dos países depois que Israel capturou o território durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Mais de cem palestinos ficaram feridos no ataque, a maioria por inalação de fumaça ou gás lacrimogêneo. Moataz Deek, um homem de 28 anos, disse ter sido atingido por faca várias vezes por diversos colonos e ergueu sua camisa para mostrar pelo menos 22 marcas de recentes de faca. Autoridades palestinas disseram que outra pessoa havia sido atingida com uma barra de ferro.

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