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Por O Globo

A primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, surpreendeu a todos ao anunciar, nesta quarta-feira, sua renúncia ao cargo, numa decisão justificada, entre outras coisas, pelo cansaço que a vida política lhe causou. O discurso fez lembrar, em alguns aspectos, o feito pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern, que deixou o cargo há pouco mais de um mês mencionando motivos semelhantes. Tal como Ardern, que pontuou, na ocasião, que não tinha mais "combustível necessário" para continuar no posto, Sturgeon também sugeriu escassez de energia, enfatizando em sua renúncia que é um "ser humano" como qualquer outro, não apenas uma política em um cargo de importância.

— Um primeiro-ministro nunca está de folga. Particularmente hoje em dia, há quase nenhuma privacidade. Situações comuns em que a maioria das pessoas nem presta muita atenção, como ir tomar um café com os amigos ou caminhar sozinha, tornam-se muito difíceis — disse em coletiva de imprensa em Edimburgo. — E a natureza e a forma do discurso político moderno têm uma intensidade muito maior (ouso dizer, uma brutalidade) do que no passado. Tudo somado, acaba pesando em nós e naqueles ao nosso redor.

Outra semelhança é que ambas passaram por polêmicas pouco antes de anunciarem a renúncia. Ardern — que ao ser eleita em 2017 se tornou também a líder mundial feminina mais jovem da História a chefiar um governo — viu sua popularidade cair drasticamente quando o país registrou uma explosão de novos casos de Covid-19 após a reabertura das fronteiras dois anos depois de pandemia — ainda que sua resposta eficiente à crise sanitária mundial tenha sido celebrada antes disso, inclusive lhe rendendo o segundo mandato nas eleições de 2020.

Também pesou o aumento da inflação e do custo de vida na Nova Zelândia, além da insatisfação frente a medidas como a obrigatoriedade da vacinação, e as ameaças pessoais à ex-premier.

Sturgeon, por sua vez, embora tenha afirmado nos últimos meses que não tinha intenção de deixar o cargo, viu-se recentemente no meio de uma polêmica relacionada aos direitos dos transgêneros em seu país, além do veto da Justiça britânica à convocação de um referendo de independência do Reino Unido.

Aprovada em dezembro no Parlamento local, a lei escocesa que facilitaria a transição de gênero para jovens a partir dos 16 anos, sem a necessidade de diagnóstico médico, foi bloqueada posteriormente pelo primeiro-ministro conservador britânico, Rishi Sunak.

Ambas, contudo, insistiram em seus discursos de renúncia que esses obstáculos não foram os fatores que as levaram às suas decisões. Porém, tanto Ardern quanto Sturgeon foram submetidas a críticas e pressões raramente experimentada por políticos homens, como mostra uma pesquisa da Universidade de Princeton, que estima que as mulheres em cargos políticos são atacadas 3,4 vezes mais do que seus pares do sexo masculino.

Um outro exemplo recente é o da primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, que, apesar de não ter renunciado ao cargo como suas contrapartes na Escócia e na Nova Zelândia, também enfrentou escrutínio após o vazamento de um vídeo, em agosto passado, em que aparecia dançando com amigos e celebridades. A líder social-democrata de 36 anos foi criticada fortemente por parte da oposição e de alguns meios de comunicação, que sugeriram que tal conduta era incompatível com sua posição.

— Sou um ser humano. Às vezes também busco alegria, luz e prazer em meio a essas nuvens escuras — Marin declarou à época quando confrontada sobre a polêmica, pouco depois de ter se submetido a um exame toxicológico para comprovar que não estava sob efeito de nenhuma substância.

A história lhe rendeu uma investigação de má-conduta, da qual foi posteriormente absolvida, por supostamente não estar em condições de exercer seu cargo por ter ingerido bebida alcoólica, sem antes ter transferido suas funções para outro ministro durante os finais de semana em que festejava.

Segundo dados da ONU, até setembro passado havia 28 países onde mulheres ocupam cargos de chefes de Estado e de governo em todo o mundo. No ritmo atual, diz a ONU, a igualdade de gênero nas mais altas posições de poder não será alcançada em menos de 130 anos.

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