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Por Jeremy W. Peters, The New York Times — Washington

No fim de 2020, Rupert Murdoch estava confinado no interior da Inglaterra com sua agora ex-mulher, longe da sede da Fox News, no centro de Manhattan. A reclusão pandêmica o deixou “entediado”, disse recentemente em um depoimento, com pouco a fazer “além de escrever e-mails idiotas”.

Esses e-mails agora compõem uma extraordinária trilha que expôs o funcionamento interno do império de mídia Fox, de Murdoch, revelando como ele molda a cobertura de seus jornais e redes de TV a cabo e interage com algumas das figuras mais poderosas do Partido Republicano.

Funcionários que trabalharam com Murdoch contam que ele nunca tratou de seus negócios mais importantes por e-mail. Preferiu, sempre que possível, transmitir pessoalmente seus desejos. Mas a pandemia mudou essa dinâmica, deixando um tesouro de e-mails que os advogados da empresa de urnas eletrônicas Dominion Voting Systems usaram para construir seu caso de difamação de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,3 bi) contra a Fox News.

A Fox Corp se recusou a comentar esta reportagem.

Durante seu depoimento, Murdoch disse que o jornalista dentro dele gostava de "estar envolvido" nas notícias. Os e-mails de Murdoch mostram que, nos dias após a eleição presidencial de 2020, ele estava especialmente interessado em usar as organizações de seu império — The Wall Street Journal, The New York Post e Fox News — para pressionar o presidente Donald Trump a parar de falar sobre fraude eleitoral. Como Murdoch revelou no depoimento, ele achava que Trump parecia "um péssimo perdedor".

Na manhã de 7 de novembro de 2020, pouco antes de a Fox News e outras redes declararem Joe Biden presidente eleito, Murdoch fez uma pergunta por e-mail ao editor do Post, Col Allan.

“Devemos escrever algo que Donald possa ler?”, perguntou em seu estilo tipicamente conciso.

Murdoch conhece Trump há três décadas — tempo suficiente para se referir a ele pelo primeiro nome. E entendeu que, se Trump era um leitor regular do Post, provavelmente leria um editorial sobre si mesmo, mesmo que não fosse totalmente lisonjeiro.

Os novos e-mails e depoimentos mostram o quão envolvido Murdoch estava naquele editorial. Ele enviou um e-mail a Allan com algumas ideias, incluindo como enquadrar seu argumento de maneira positiva em torno do legado de Trump, ao mesmo tempo em que instou o então presidente a dispensar Rudolph Giuliani como seu advogado.

Nenhum dos dois era fã de Giuliani, ex-prefeito de Nova York. Em seu depoimento, Murdoch disse que Giuliani foi “um prefeito muito bom, mas tudo piorou desde então”.

Quando o rascunho ficou pronto para ser visto por Murdoch, ele fez algumas edições cuidadosas, em relação a poucos erros de digitação No e-mail, disse que achava que a palavra “perigosa” deveria ser incluída para descrever a China. (O adjetivo foi adicionado).

O editorial foi publicado em 7 de novembro com o título "Presidente Trump, seu legado está seguro — pare com a retórica da 'eleição roubada'". E incluía a frase “Tire Rudy Giuliani da TV”.

E Murdoch não parou de dar conselhos a seus executivos quando o presidente e seus partidários começaram a atacar a Fox.

Aqueles que trabalharam para Murdoch descrevem sua abordagem ao transmitir seus desejos como algo leve. E os executivos que tendem a sobreviver por mais tempo são os que entendem o que ele está pedindo.

Em 9 de novembro, quando Trump acusou a Fox News de deslealdade por projetar que ele perderia no Arizona, e consequentemente a Presidência, uma sensação de cerco começou a tomar conta da empresa. Naquele dia, Murdoch enviou um e-mail à executiva-chefe da Fox News Media, Suzanne Scott. No assunto, apenas uma palavra: “Vacina”.

“Grande notícia hoje. As pessoas ficarão ansiosas por cada detalhe”, escreveu ele, referindo-se ao anúncio das farmacêuticas Pfizer e BioNTech de que suas vacinas eram 90% eficazes contra o coronavírus.

“E se tivesse acontecido duas semanas antes!?”, perguntou, aparentemente sugerindo que Trump poderia ter se beneficiado com a notícia, se ela tivesse sido publicada antes da eleição.

Scott, que vinha discutindo com sua equipe a necessidade de fazer algo para retardar a deserção dos telespectadores da Fox para redes mais pró-Trump como a Newsmax, disse a seu chefe que uma “guinada” estava em andamento.

Os advogados da Dominion argumentavam que essa mudança na programação significaria endossar teorias da conspiração sobre o suposto envolvimento da empresa em uma trama inexistente para roubar votos de Trump.

"Sim sobre isso", disse Scott. “Articular, mas manter o público que nos ama e confia em nós. Precisamos garantir que eles saibam que não os estamos abandonando e ainda os defendemos."

Murdoch pareceu satisfeito com isso. "Obrigado. Tudo muito verdadeiro. Muitos espectadores da Fox ainda acreditam em Trump”, ele escreveu de volta.

'Queremos fazer de Trump uma não-pessoa'

Poucos magnatas da mídia americana têm o poder e uma plataforma para moldar a opinião pública como Murdoch faz no Partido Republicano. Seus e-mails mostram como, no final de 2020, ele jantava com o secretário de Justiça americano, William Barr; ao mesmo tempo em que conversava com Mitch McConnell, o líder republicano no Senado; e compartilhava com Jared Kushner, genro de Trump, informações sobre os comerciais que a campanha de Biden estava exibindo na Fox.

Após o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, Murdoch parecia pronto para usar seu poder, como nunca antes, para limpar a barra do partido de uma vez por todas.

“Queremos fazer de Trump uma não-pessoa. Bastante fácil, a menos que o acusem e ele permaneça no noticiário ”, escreveu Murdoch a um amigo em 8 de janeiro de 2021. Ele explicou que a Fox News estava “ocupada com a mudança de rumo”, adotando a linguagem de Scott sobre como a rede se reposicionaria. “Depois de alguns dias, ignore Trump e rapidamente se torne a oposição leal.”

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