Sobreviventes do tornado que atingiu os estados do Mississippi e do Alabama, no Sul dos Estados Unidos, na noite da última sexta-feira, vivem como se estivessem em uma "zona de guerra". O cenário é de destruição: acredita-se que a tempestade tenha deixado um rastro de danos de mais de 160 quilômetros, com os vilarejos de Silver City e Rolling Fork sendo as mais afetadas. Ao menos 26 pessoas morreram e 60 mil ficaram sem energia. Em relato emocionado, o americano David Brown conta que seus pais, Lonnie e Melissa Pierce, morreram abraçados, dentro de casa. O imóvel do casal foi atingido por um caminhão.
— Palavras não conseguem expressar o que estou sentindo. Estou quebrado. Estou tentando ficar forte. Tenho minha família aqui e tenho família e amigos vindo, também. Com eles, vou passar por esse momento. Minha mãe e meu pai moravam aqui. Mas eu sei que eles estão no céu. E me contaram que eles morreram abraçados — disse Brown, visivelmente emocionado, em entrevista à 16 WAPT News, neste final de semana.
Essa é apenas uma das muitas cenas da devastação total deixada pelo fenômeno. Agora, os residentes da destruída Rolling Fork estão lutando com o quanto suas vidas mudaram em um piscar de olhos. Das 26 pessoas que morreram, 13 foram nesta cidade de 2 mil habitantes.
Tornado no Sul dos EUA deixa cenário de destruição
Na manhã deste domingo, sob a ameaça de possíveis novos temporais, moradores voltaram para ver os destroços do que costumavam ser suas casas — e salvar o que puderem.
— Vinte anos da minha vida se foram. Mas, graças a Deus, estamos aqui. Estamos vivos — disse Shirley Stamps, de pé em sua casa em ruínas e olhando para sua cama agora coberta de terra e gravetos.
A mulher de 58 anos lembrou que na sexta-feira ela havia acabado de jantar com sua família e estava prestes a vestir a camisola quando um forte vento começou. O som ficou cada vez mais forte, insinuando perigo. Enquanto sua neta tomava banho, Shirley bateu na porta para avisá-la que todos estavam se amontoando no banheiro, pensando que seria mais seguro.
— Todos nós simplesmente entramos e fomos para o chão — disse Shirley.
No domingo, com exceção de parte da fachada da casa, o banheiro era o único cômodo ainda de pé.
Do outro lado da rua, uma mulher chamada Shakeria Brown olhou para seu carro, que havia sido esmagado por uma árvore. Sua casa havia desabado quase totalmente.
— Eu estava sentada no sofá com meu bebê de oito meses, quando as janelas começaram a tremer. As janelas quebraram, o telhado desabou em cima de mim e começou a chover — disse Shakeria, de 26 anos.
Segurando o bebê nos braços, Shakeria cobriu a cabeça com um cobertor para tentar proteger a si e à criança da melhor maneira possível, até que um vizinho veio e os tirou de lá. Por enquanto, ela está com amigos. Seu futuro é incerto porque, segundo ela, o proprietário do seu imóvel não quer reconstruir a casa.
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