Uma produtora da Fox News afirmou que os advogados da rede a coagiram a dar um testemunho enganoso no processo de US$ 1,6 bilhão (R$ 8,3 bi) da Dominion Voting Systems, empresa que fabrica e comercializa urnas eletrônicas nos Estados Unidos. Abby Grossberg, que foi produtora dos apresentadores Maria Bartiromo e Tucker Carlson, fez suas reivindicações em um processo de discriminação sexual aberto na segunda-feira em um tribunal federal em Manhattan.
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Grossberg apresentou a queixa um dia antes de uma audiência perante um juiz do estado de Delaware, que deve decidir sobre o caso de difamação de Dominion em um julgamento marcado para 17 de abril. A Dominion está processando a Fox News por veicular alegações infundadas de aliados do então presidente Donald Trump de que a empresa, com sede em Denver, participou de uma ampla conspiração com democratas e governos estrangeiros para alterar os resultados das eleições em favor de Biden.
A rede nega irregularidades no caso e disse que se defenderá vigorosamente contra as alegações de Grossberg.
“A Fox News Media contratou um advogado externo independente para investigar imediatamente as preocupações levantadas por Grossberg, que foram feitas após uma análise crítica de desempenho”, disse a rede em um comunicado por e-mail.
Em seu processo, Grossberg diz que durante sua preparação para um depoimento no caso, os advogados da Fox News a encorajaram a dar respostas falsas e evasivas. Numa sessão de coaching, os advogados “abanavam a cabeça” sempre que ela respondia a perguntas hipotéticas “de forma verdadeira, mas que envolvia outras pessoas ou precisava de elaboração para explicar e/ou contextualizar”, segundo a denúncia.
A produtora também acusou a Fox News de perpetuar a tolerância ao assédio de gênero, que tinha como alvo mulheres que denunciam a empresa. Ela revelou que parte da estratégia da rede para se defender do processo foi colocar a culpa nela e em Bartiromo, “em vez dos superiores homens da Fox News, que endossaram a cobertura das mentiras” sobre a empresa de urnas eletrônicas.
A produtora disse que seu processo se une a uma “longa linha de casos que narram o ambiente misógino que permeia a Fox News e promove um local de trabalho tóxico, enquanto as trabalhadoras são verbalmente violadas quase diariamente por um patriarcado venenoso e entrincheirado”.
Horas antes de Grossberg entrar com seu processo no tribunal federal, a Fox News buscou uma ordem de emergência de um juiz do estado de Nova York para impedi-la de divulgar o que os advogados da rede lhe disseram durante as sessões de preparação para o depoimento. O tribunal não marcou ainda uma data para a audiência.
"Grossberg ameaçou divulgar as informações privilegiadas do advogado-cliente da Fox e entramos com uma ordem de restrição temporária para proteger nossos direitos”, disse a Fox News em seu comunicado.
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