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Por Janaína Figueiredo — Buenos Aires

O presidente argentino Alberto Fernández anunciou em um vídeo na manhã desta sexta-feira que não será candidato a reeleição no pleito marcado para outubro deste ano. A declaração acontece ao final de uma semana intensa no país, na qual a tensão política dentro do governo provocou uma nova corrida para comprar dólares — levando a moeda americana a superar a barreira dos 400 pesos no mercado paralelo, resultado de uma crise econômica cada vez mais grave.

A vice-presidente Cristina Kirchner também já havia dito que não concorreria, anúncio similar ao feito pelo ex-presidente e opositor Maurício Macri — ausências que mudam o xadrez político a sete meses das eleições que definirão o novo líder da Argentina.

Grande aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Fernández compartilhou em seu Twitter um vídeo de quase oito minutos, acompanhado de uma mensagem que diz "minha decisão". Na gravação, ele diz que o próximo dia 10 de dezembro, data da posse presidencial na Argentina, "entregará a faixa a quem quer que seja escolhido" pelo povo.

— O próximo dia 10 de dezembro de 2023 é o dia exato em que completaremos 40 anos de democracia. Neste dia, entregarei a faixa presidencial a quem quer que seja escolhido legitimamente nas urnas pelo voto popular — disse ele. — Trabalharei fervorosamente para que seja um companheiro ou uma companheira do nosso espaço político, que represente quem seguimos, e seguiremos lutando por uma pátria justa, com equidade e felicidade para todos e todas.

A decisão de Fernández era esperada, mas foi precipitada pela crise interna na coalizão do governo. Na visão de analistas como Diego Reynoso, da Universidade de San Andrés, "o contexto político acelerou o anúncio do presidente, porque os riscos de uma ruptura interna eram grandes".

As tensões dos últimos dias foram provocadas por discussões entre o presidente e o ministro da Economia, Sergio Massa. O agora ex-assessor presidencial Antonio Aracre divulgou entre membros do governo e do setor privado um plano que defendia uma forte desvalorização do peso. O documento irritou profundamente Massa, e Aracre finalmente foi afastado do cargo. Fernández cedeu as pressões do ministro e, poucos dias depois, confirmou que não disputará a reeleição.

— Fernández está vivendo seu pior momento. O risco de ruptura com setores do governo e com o kirchnerismo especialmente ainda existe. O que baixou a partir de agora é a possibilidade de renúncia do presidente, algo que também vinha circulando nos últimos tempos — afirma o analista.

A última pesquisa realizada pela Universidade de San Andrés, em março, indicou que o governo de Fernández e Cristina tem 81% de desaprovação e apenas 17% de aprovação. A mesma pesquisa mostrou que as principais preocupações dos argentinos são a elevada taxa de inflação (que chegou a 7,7% apenas em março), o aumento da insegurança e a corrupção. Esses três elementos são os que mais têm turbinado a candidatura de políticas da centro direita, direita e extrema direita como Patrícia Bullrich, da coalizão Juntos pela Mudança, liderada por Macri, e Javier Milei.

Fernández vinha especulando desde o ano passado sobre disputar ou não a reeleição — e o impacto que uma provável derrota teria para o peronismo, que integra a coalizão governista Frente de Todos ao lado dos kirchneristas. A vice-presidente já havia anunciado no ano passado, quando foi condenada por corrupção, que não pretende disputar nenhum cargo público neste ano. Em 2019, Cristina cogitou ser candidata, mas acabou optando por um acordo com Fernández, pelo alto nível de rejeição que tem desde que deixou o poder, em 2015. Atualmente, segundo várias pesquisas, a imagem negativa da vice-presidente atinge em torno de 65%.

O presidente era pressionado por kirchneristas para anunciar que não concorreria, abrindo espaço para que Cristina — que continua sendo a figura mais poderosa do governo — assumisse as rédeas da pré-campanha, que terminará em 13 de agosto, quando as Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (Paso) determinarão quem disputará a eleição presidencial. O grande problema do governo, e de Cristina, é que hoje a Frente de Todos não tem um candidato competitivo e as chances de sequer passar para o segundo turno, em 19 de novembro, são grandes.

Massa sempre foi considerado um dos possíveis candidatos, mas com a crise econômica se aprofundando o ministro perdeu fôlego internamente. Analistas como Reynoso não descartam que Cristina acabe optando por se separar do peronismo e ter um candidato kirchnerista nas presidenciais, ciente de será derrotado, mas que possa se descolar do desastre econômico atual.

E a disputa não deve ser fácil em meio à situação econômica: nesta semana, o Banco Central do país elevou a taxa de juros para 81% ao ano. A inflação, por sua vez, atingiu 104% em março na comparação anual e 7,7% na relação mensal, a mais alta nos últimos 20 anos.

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