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Por O Globo — Washington

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse durante conversa com jornalistas nesta segunda-feira que "o Brasil está repetindo a propaganda da Rússia sem olhar para os fatos". A declaração acontece um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar a dizer que tanto Kiev quanto Moscou são responsáveis pelo conflito e culpar as potências ocidentais pelo seu prolongamento.

— É profundamente problemático como o Brasil abordou essa questão de forma substancial e retórica, sugerindo que os Estados Unidos e a Europa de alguma forma não estão interessados na paz ou que compartilhamos a responsabilidade pela guerra — afirmou ele em conversa com jornalistas.

— Francamente, neste caso, o Brasil está repetindo a propaganda da Rússia sem olhar para os fatos — disse.

O porta-voz ainda comentou a sugestão de Lula de que a Ucrânia deveria ceder a Crimeia, ocupada pela Rússia em 2014, em nome da pacificação da guerra.

— Os comentários mais recentes do Brasil de que a Ucrânia deveria considerar ceder formalmente a Crimeia como uma concessão pela paz são simplesmente equivocados, especialmente para um país como o Brasil que votou para defender os princípios de soberania e integridade territorial na Assembleia-Geral da ONU — salientou Kirby.

Sobre a visita do chanceler russo Sergei Lavrov ao Brasil nesta segunda-feira, Kirby reforçou a soberania dos países em receberem quem quiseram, mas ponderou que a mesma disponibilidade deve ser oferecida aos representantes de Kiev.

O porta-voz da Casa Branca ainda disse que Lula e líderes de outros países que abriram a agenda para Lavrov — que está em viagem pela América Latina — deveriam pressioná-lo a parar de "bombardear cidades, hospitais e escolas ucranianas" e "retirar as forças russas da Ucrânia".

Mais cedo, o porta-voz da União Europeia (UE), Peter Stano, reagiu às críticas de Lula afirmando que a Rússia é a "única responsável" pela guerra. Segundo ele, o bloco europeu e os EUA não estão favorecendo o prolongamento do conflito, mas sim ajudando Kiev em sua "legítima defesa".

— Os Estados Unidos e a União Europeia trabalham juntos, como parceiros de uma ajuda internacional. Estamos ajudando a Ucrânia em exercícios para legítima defesa — disse, lembrando que o Brasil é um dos 143 países que condenaram a invasão ao território ucraniano na ONU. — Não é verdade que os EUA e UE estão ajudando a prolongar o conflito. Nós oferecemos inúmeras possibilidade à Rússia de um acordo de negociação em termos civilizados.

Entenda a controvérsia

No domingo, o presidente Lula afirmou que a Ucrânia também foi responsável pela decisão de entrar em guerra com a Rússia. A declaração aconteceu momentos antes de encerrar a sua visita a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, última escala da viagem à Ásia que teve como destino principal a China.

— A construção da guerra será mais fácil que a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países. E agora nós estamos tentando construir um grupo de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra, que não querem a guerra, que desejam construir paz no mundo, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia — declarou o presidente.

Lula disse também que é necessário conversar com os Estados Unidos e com a União Europeia sobre o assunto.

— Temos que ter em conta que é preciso conversar também com os Estados Unidos e a União Europeia. Ou seja, nós precisamos convencer as pessoas de que a paz é a melhor coisa para estabelecer qualquer processo de conversação. Do jeito que está a coisa, a paz está muito difícil.

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