Mundo
PUBLICIDADE

Por Marcelo Ninio; Especial Para O Globo — Xangai

Em seu último compromisso em Xangai, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enalteceu as relações do Brasil com a China e voltou a alfinetar os Estados Unidos. Foi na reunião com o chefe do Partido Comunista da China (PCC) na cidade que é o centro financeiro do país, Chen Jining, na qual o presidente concluiu o primeiro dia de sua visita de Estado à China. Nesta sexta-feira, Lula terá uma agenda política cheia em Pequim, onde se reunirá com várias autoridades do Partido Comunista chinês. O ponto alto será o encontro com o presidente do país, Xi Jinping. Cerca de 20 acordos bilaterais devem ser assinados.

A imprensa só teve acesso aos primeiros minutos da reunião, o suficiente para presenciar uma calorosa troca de afagos entre os dois políticos. Lula abriu seu pronunciamento agradecendo as boas relações entre o PT e o PC chinês, lembrando que vários representantes do seu partido haviam estado recentemente em missão à China.

Em seguida, o presidente brasileiro ressaltou que vê como uma das marcas de sua relação com o país asiático a necessidade de defender o papel da China na economia global.

— A nossa relação com o governo chinês não é uma relação qualquer. Quando nós reconhecemos a China como economia de mercado, estávamos dizendo ao mundo que não queríamos que a China vivesse na clandestinidade no mundo do comércio. Queríamos que a China fosse respeitada pelo que representava para a economia mundial naquele momento — disse Lula ao líder do PC em Xangai.

Em 2004, em seu primeiro mandato, Lula anunciou que o Brasil reconheceria a China como economia de mercado durante uma visita ao país do então presidente chinês, Hu Jintao. Mas a promessa, que imporia restrições à defesa do Brasil contra práticas de concorrência desleal da China, esbarrou na resistência da indústria e no veto da Câmara de Comércio Exterior (Camex), e nunca foi inteiramente cumprida.

Diante do chefe do PC em Xangai, Lula também relembrou outro momento em que se aliou à China em sua passagem anterior na Presidência, desta vez na questão climática, quando aproveitou para criticar os EUA. Pela manhã, durante a posse de Dilma Rousseff no comando do banco dos Brics, o presidente brasileiro já havia falado em tom de desafio contra a hegemonia americana, ainda que de forma velada, ao propor alternativas ao uso do dólar no sistema financeiro mundial.

— Tivemos uma relação com a China na Conferência do Clima de Copenhague de 2009, quando os países europeus e os Estados Unidos quiseram responsabilizar a China pela poluição sem assumir sua própria responsabilidade — disse Lula.

Num amplo salão do Hotel da Paz, um ícone da arquitetura e do imperialismo ocidental de Xangai, Lula foi recebido por Chen ao lado de vários ministros brasileiros: Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Marina Silva (Meio Ambiente), Margareth Menezes e Juscelino Filho (Comunicações), além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Aloizio Mercadante. Foi o único compromisso do dia em que o presidente compareceu sem estar acompanhado da primeira-dama, Janja da Silva.

Recém nomeado para o cargo, Chen retribuiu com palavras elogiosas a Lula. Chamou o presidente brasileiro de “um velho amigo da China” e disse que “as amizades são como o vinho, ficam melhores com o tempo". A chefia do PC de Xangai é vista como um trampolim para a ascensão política na hierarquia do poder chinês: tanto o presidente Xi Jinping como o primeiro-ministro Li Qiang exerceram o cargo antes de subir degraus rumo ao topo.

— Sempre tratamos a relação China-Brasil de uma perspectiva estratégica e de longo prazo — disse Chen. — Acreditamos que, sob a liderança estratégica dos dois chefes de Estado, nossas relações vão se aprofundar e se desenvolver ainda mais.

Mais recente Próxima Em nova guinada conservadora, Legislativo da Flórida aprova proibição do aborto após seis semanas
Mais do Globo

Especialistas preveem que regras sejam publicadas ainda este ano. Confira o que está para sair

Depois do CNU: Banco do Brasil, Correios e INSS, veja os concursos com edital previsto

Em 2016, com recessão e Lava-Jato, rombo chegou a R$ 155,9 bilhões. Pressão política para investir em infraestrutura preocupa analistas, que defendem regras de gestão mais rígidas

Fundos de pensão de estatais ainda têm déficit de R$ 34,8 bi e acendem alerta sobre ingerência política

Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que Madri atendeu a um pedido de González ao conceder asilo e disse que portas estão abertas para outros opositores

Espanha não ofereceu 'contrapartida' a Maduro para retirar González Urrutia de Caracas, diz chanceler da Espanha

Dispositivos finalmente ganharão atualizações relevantes, depois de dois anos sem novidades

Além do iPhone 16: veja os novos Apple Watch e AirPods que serão lançados hoje

Suspeito do crime, Tiago Ribeiro do Espírito Santo foi preso momentos depois e autuado por feminicídio

Garota de programa é morta estrangulada em hotel no Centro do Rio

Fazendeiro receberá compensação anual de R$ 54 mil, pois a aeronave impede o plantio de grãos no terreno

Empresa aérea começa a desmontar avião preso em campo de trigo na Sibéria um ano após pouso de emergência

Gorki Starlin Oliveira conta como uma estratégia de aquisições garantiu a sobrevivência de sua empresa em meio ao colapso das grandes redes de livrarias do Brasil

‘Compramos editoras para brigar por prateleira’, diz CEO da Alta Books

Homem foi descredenciado sob a alegação de que tinha anotações criminais em seu nome

Uber é condenado a pagar R$ 40 mil a motorista de aplicativo por danos morais

Texto ainda depende de aval do presidente para ser enviado ao Congresso; proposta também prevê reduzir negativas a pedidos via LAI

Governo discute projeto para acabar com sigilo de 100 anos após críticas a Lula por veto a informações