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Por O Globo, com agências internacionais

A expulsão de dois jovens legisladores negros da Câmara dos Deputados do Tennessee gerou uma onda de indignação nos Estados Unidos no fim desta semana, reavivando o debate sobre o racismo no país e o passado de segregação racial do estado.

Integrantes da minoria democrata, Justin Jones, representante eleito por Nashville, e Justin J. Pearson, de Memphis, tiveram suas cadeiras cassadas na quinta-feira por participação em uma manifestação a favor do maior controle de armas no estado. Em 30 de março, Jones, Pearson e uma terceira deputada, Gloria Johnson, uniram-se a centenas de manifestantes que entraram no Parlamento para exigir uma regulação mais restrita das armas de fogo, dias depois de um atirador matar três crianças e três adultos em uma escola em Nashville. De acordo com a polícia, o atirador adquiriu 7 armas de fogo legalmente, incluindo as utilizadas no massacre.

Gloria Johnson, única deputada branca a participar do protesto, também foi a única a não ser expulsa do cargo. Ela atribuiu a diferença no resultado da votação de quinta-feira ao componente racial.

O presidente Joe Biden falou por telefone com Jones e Pearson nesta sexta-feira. De acordo com um comunicado da Casa Branca, ele agradeceu aos dois deputados pela liderança na busca pela proibição de armas de assalto e na defesa dos valores democráticos. Biden, que também qualificou a decisão da Câmara do Tennessee como "impactante" e "antidemocrática", também convidou os deputados a irem até Washington.

Em uma coletiva on-line na sexta-feira, Jones pediu mais protestos, dizendo que o Tennessee tem sido a “ponta da lança” em um ataque aos direitos humanos. — É mais fácil obter um AR-15 do que votar — disse Jones.

'Equivalente a uma insurreição no Capitólio'

Vários meios de comunicação locais relataram que Jones e Pearson utilizaram um megafone para convidar os manifestantes a gritarem lemas como "Poder para o povo" e " Não há paz sem ação", interrompendo o debate que acontecia no plenário naquele momento. No entanto, de acordo com o presidente da Câmara, o republicano Cameron Sexton, as ações foram comparáveis à invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021 — ou pior.

A Câmara dos Deputados do Tennessee — Foto: Jon Cherry/The New York Times
A Câmara dos Deputados do Tennessee — Foto: Jon Cherry/The New York Times

— O que eles fizeram hoje foi equivalente, pelo menos equivalente, talvez pior dependendo de como você olha para isso, do que fazer uma insurreição no Capitólio — disse Sexton em entrevista a uma rádio.

A tese defendida pelo presidente da Câmara, e pela maioria republicana na Casa, que ocupa 75 cadeiras, contra 24 dos democratas, afirma que Jones e Pearson violaram o decoro da Câmara ao falar sem a permissão da liderança.

Casos raros

Até quinta-feira, a Câmara do Tennessee havia expulsado apenas três outros legisladores desde o fim da Guerra Civil americana, em 1985. O motivo das expulsões, no entanto, são as mais leves já registradas. Entre os casos anteriores de expulsão, estão uma por condenação criminal de um legislador e outra por acusações em série de assédio sexual contra outro.

— Silenciar as vozes de dois membros negros por protestar pacificamente contra a violência armada não é apenas racista, mas também uma mudança radical das regras e tradições democráticas sobre as quais se fundou a nossa nação — tuitou a congressista democrata Yvette Clarke.

Em termos práticos, as expulsões também deixaram milhares de residentes de Nashville e Memphis sem representação na Câmara nas últimas semanas de uma sessão legislativa que viu os legisladores republicanos usarem sua ampla maioria para impor suas prioridades, colocando os distritos rurais conservadores do Tennessee contra suas maiores cidades.

Com dois assentos agora vagos, a responsabilidade de nomear substitutos interinos recai sobre os órgãos governamentais locais em seus distritos, e os líderes de Nashville e Memphis indicaram seu apoio à recondução de Jones e Pearson.

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