O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou, neste sábado, nos Emirados Árabes Unidos, em busca de mais negócios com o maior parceiro comercial do Brasil entre os países da comunidade árabe. Na sexta-feira, antes de viajar para Abu Dhabi, Lula destacou a importância da visita.
— Vou passar em Abu Dhabi. Vamos ter que assinar um importante acordo de investimento no Brasil e domingo estaremos todos juntos no Brasil — afirmou o presidente.
A avaliação dentro e fora do governo é que a ida de Lula aos Emirados Árabes é uma espécie de resgate das relações que ele mantinha, em seus dois primeiros mandatos, com as nações árabes. É algo simbólico, que pode se refletir não apenas na esfera econômico-comercial, mas também nas discussões políticas sobre pontos importantes da agenda internacional.
Lula fará uma passagem rápida pelos Emirados. Foi recebido com um banquete oferecido pelo xeque Mohammed bin Zayed al-Nahyan no início da noite. Existe a expectativa de alguns acordos, mas o governo brasileiro ainda não deu qualquer informação a respeito.
Os Emirados já têm com o Brasil um acordo na área de facilitação de investimentos, que prevê a não bitributação de capitais investidos por agentes financeiros dos dois países em seus respectivos territórios. Porém, esse tratado precisa da aprovação do Congresso brasileiro — o que vai permitir que fundos de investimentos emiráticos atuem nos setores de infraestrutura e energia.
O país é, hoje, o maior investidor do Oriente Médio no Brasil: os investimentos superam US$ 10 bilhões. Entre os quatro principais fundos soberanos emiráticos, dois – a Mubadala Development Company e a Abu Dhabi Investment Authority (ADIA) – mantêm presença ativa no mercado brasileiro.
Os empreendimentos de propriedade da Mubadala no Brasil hoje incluem investimentos diretos em setores diversos como infraestrutura, mineração, imobiliário, entretenimento e educação. Já a ADIA possui perfil de investimento voltado para aquisição de ações, com interesse no setor imobiliário e hoteleiro.
Por sua vez, cerca de 30 empresas brasileiras estão presentes nos Emirados Árabes. São exemplos Vale, Embraer, Tramontina, WEG, Marcopolo, Itaú, BRF, JBS, Odebrecht e Copacol, segundo informação do governo do Brasil.
Os Emirados Árabes foram, em 2022, o principal destino das exportações brasileiras na Liga dos Estados Árabes. As vendas do Brasil àquele país totalizaram US$ 3,253 bilhões, com alta de 39,80% sobre as receitas do ano anterior. A pauta foi liderada por carnes bovina e de frango, açúcar, ouro, pastas químicas de madeiras e até petróleo.
O país tem 10 milhões de habitantes e compra alimentos do Brasil não só para alimentar sua população, mas, principalmente, para suas atividades de reexportação, ao lado do turismo, o principal motor econômico do país. As atividades turísticas são, hoje, mais importantes que a exportação de petróleo, que responde por 17% do PIB emirático.