Os Estados Unidos condenaram fortemente o lançamento de um míssil balístico de longo alcance pela Coreia do Norte , informou a Casa Branca nesta quinta-feira. O disparo provocou um breve alerta na ilha japonesa de Hokkaido, antes de o governo do Japão informar que o projétil não atingiu seu território.
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"Este lançamento constitui uma flagrante violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU, aumenta desnecessariamente as tensões e corre o risco de desestabilizar a segurança na região" lamentou Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, em comunicado.
A China, por sua vez, criticou o "impacto negativo" dos exercícios militares dos Estados Unidos na tensão na Península Coreana, depois do lançamento do míssil pela Coreia do Norte.
— O atual ciclo de tensões (...) tem suas causas. O impacto negativo dos exercícios militares americanos e a presença de armas estratégicas ao redor da Península (Coreana) é óbvio para todos — disse o porta-voz da diplomacia chinesa, Wang Wenbin, ao ser questionado sobre o lançamento do míssil.
A Coreia do Sul e Estados Unidos organizaram em março as maiores manobras militares conjuntas em cinco anos. Exercícios do tipo provocam a ira da Coreia do Norte, que os considera testes para uma invasão a seu território.
Pyongyang, em resposta, lançou vários mísseis, incluindo o teste de dois balísticos intercontinentais. Também foram testados dois drones submarinos de ataque nuclear, capazes de "provocar um tsunami radioativo em larga escala", segundo agência estatal norte-coreana KCNA.
O disparo mais recente, desta quinta-feira, envolve um novo tipo de míssil balístico que poderia utilizar combustível sólido, o que significaria um avanço na estratégia de armamento de Pyongyang, segundo o Exército sul-coreano.
Projéteis de combustível sólido são mais fáceis de armazenar e transportar, além de promoverem lançamentos mais rápidos e estáveis, dificultando as possibilidade defesa dos alvos. Até então, todos os mísseis norte-coreanos conhecidos usavam combustível líquido. O desenvolvimento da nova tecnologia de propulsão era uma antiga aspiração de Pyongyang.
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O Japão — que acionou um sistema de alerta por alguns minutos e recomendou que os moradores da ilha de Hokkaido procurassem abrigo — afirmou que o míssil desta quinta-feira não caiu dentro do seu território ou ameaçou a população.
Neste fim de semana, os ministros do Meio Ambiente do G7 — grupo formado pelas sete maiores economias do mundo — se reunirão em Sapporo, capital da ilha de Hokkaido. O encontro acontece um mês antes da cúpula dos líderes em Hiroshima, também no Japão.
Na segunda-feira, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, participou de uma reunião da Comissão Militar Central para discutir formas de "lidar com os movimentos de intensificação dos imperialistas americanos e das marionetes traidoras da Coreia do Sul para lançar uma guerra de agressão", informou a agência de notícias norte-coreana KCNA. Kim ordenou que as capacidades de defesa do país fossem reforçadas a uma "velocidade mais rápida" e com uma abordagem "mais prática e ofensiva".
As duas Coreias vivem um dos momentos de maior tensão dos últimos anos. Em 2022, Pyongyang declarou que seu status de potência nuclear é "irreversível", fechando as portas para uma eventual negociação sobre desarmamento. No início deste ano, o líder norte-coreano ordenou que os exercícios militares fossem intensificados para preparar o país para uma "guerra real".
Seul, por outro lado, acusa Pyongang de agir com "irresponsabilidade" por cortar, na semana passada, a linha direta de contato entre os países. De acordo com o Ministério da Unificação da Coreia do Sul, o Norte não responde desde sexta-feira às ligações.
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