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Por Amanda Scatolini e agências internacionais

A emissora americana Fox News concordou, nesta terça-feira, em selar um acordo judicial para pôr fim ao processo de difamação movido pela fabricante de urnas eletrônicas Dominion Voting Systems, encerrando abruptamente uma longa disputa em um caso que poderia se tornar um marco para o uso de fake news deliberada nos Estados Unidos. No processo, a empresa de tecnologia eleitoral acusava a emissora do bilionário Rupert Murdoch de transmitir "rumores falsos e maliciosos" durante a corrida presidencial de 2020, sob alegação de suposta fraude em suas máquinas para favorecer o presidente Joe Biden contra o republicano e então candidato a reeleição, Donald Trump, apoiado pelo canal conservador.

Os termos do acordo anunciado nesta tarde pelo juiz Eric Davis — após um atraso de mais de duas horas do início previsto do julgamento e com um júri de 12 pessoas e 12 suplentes já selecionado — no Tribunal Superior de Delaware, na cidade de Wilmington, incluem o pagamento de US$ 787,5 milhões (cerca de R$ 3,9 bilhões) da Fox, de acordo com Justin Nelson, advogado da Dominion. O valor inicialmente exigido pela empresa e considerado "exageradamente inflacionado" pela Fox era de US$ 1,6 bilhão (cerca de R$ 8,3 bilhões).

— A verdade importa. Mentiras têm consequências — disse Nelson. — Há mais de dois anos, uma torrente de mentiras varreu os funcionários eleitorais da Dominion em todos os EUA para um universo alternativo de teorias da conspiração, causando danos graves à Dominion e ao país.

O executivo-chefe da Dominon, John Poulos, chamou o acordo de "histórico".

A decisão, entretanto, não inclui um pedido de desculpas por parte da emissora, segundo uma pessoa familiarizada com os detalhes do acordo ao New York Times. Apesar disso, a Fox emitiu um comunicado poucos minutos após a decisão afirmando que reconhece "as decisões do tribunal que consideram certas alegações sobre a Dominion falsas". "Temos esperança de que nossa decisão de resolver essa disputa com a Dominion amigavelmente, em vez da amargura de um julgamento divisivo, permita que o país avance com essas questões", acrescentou a nota.

Ainda segundo o jornal, no entanto, um dos advogados da Dominion, Stephen Shackelford, disse que o acordo com a Fox não é o fim dos esforços para combater a desinformação espalhada sobre a empresa e que há outras pessoas que devem ser responsabilizadas. Entre elas, estão as emissoras Newsmax e OAN, além de Rudy Giuliani e Sidney Powell, ambos ex-advogados de Trump.

Esse pode ser um dos acordos mais caros em um caso de difamação na História dos Estados Unidos. Segundo o New York Times, muitas das maiores penalidades divulgadas publicamente por difamação ficavam na casa dos nove dígitos.

Fox vs. Smartmatic

A sessão desta terça-feira havia sido originalmente agendada para ocorrer no dia anterior, mas foi adiada por Davis, sem oferecer detalhes, em um indício de que a Fox já desejava negociar com a empresa.

Buscar um acordo era de interesse do canal, pois evitaria que Murdoch, de 92 anos, e os principais apresentadores do canal, como Tucker Carlson, Sean Hannity e Maria Bartiromo testemunhassem na Corte. Além disso, a reputação da Fox estava em jogo, sobretudo após terem sido reveladas páginas de documentos judiciais que mostraram que Murdoch, Carlson e executivos do alto escalão da emissora escolheram conscientemente, em prol da audiência trumpista, endossar os discursos de fraude eleitoral e teorias conspiratórias promovidos por Trump e seus aliados durante o processo de contagem de votos.

A Dominion processou a Fox no início de 2021, argumentando que sua reputação foi seriamente prejudicada quando o canal repetidamente transmitiu fake news sobre suas urnas eletrônicas, supostamente prejudicando Trump. A Fox, por sua vez, sempre negou qualquer irregularidade, dizendo que estava noticiando fatos relevantes envolvendo uma eleição presidencial e que suas transmissões eram resguardadas pela Primeira Emenda, que prevê a liberdade de expressão e imprensa nos EUA.

O juiz Davis já havia decidido anteriormente, em audiências preliminares, que as declarações que a Fox havia transmitido sobre a Dominion eram falsas. Ele também limitou funcionalmente algumas das defesas potenciais da Fox com base na Primeira Emenda, determinando que a emissora não poderia usar proteções à liberdade de expressão porque as declarações divulgadas na época eram falsas.

Caso ocorresse o julgamento, o júri teria a tarefa de responder à questão de saber se a Fox agiu ou não com "malícia" em suas transmissões, numa acusação difícil de provar, segundo especialistas jurídicos.

A emissora ainda enfrenta um processo de difamação semelhante ao da Dominion, mas de outra empresa de tecnologia de votação, a Smartmatic. A fabricante entrou com um processo de difamação de US$ 2,7 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões) contra a emissora de Murdoch em fevereiro de 2021. "O litígio da Dominion expôs parte da má conduta e danos causados ​​pela campanha de desinformação da Fox. A Smartmatic irá expor o resto", disse um porta-voz da empresa. (Com New York Times e Bloomberg.)

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