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Por AFP, — Darfur

Milhares de pessoas tentavam fugir da capital do Sudão, cenário de novos combates entre o exército e os paramilitares, que já provocaram quase 200 mortes e mais de 1.800 feridos. Durante a manhã desta quarta-feira, após o fracasso da trégua de 24 horas e no quinto dia de combates, foram ouvidas fortes explosões e tiroteios intensos. Colunas de fumaça eram observadas nas proximidades do quartel-general do Exército no centro da cidade.

A violência explodiu no sábado entre as tropas dos dois generais que tomaram o poder em um golpe de Estado de 2021: o comandante do Exército, Abdel Fatah al Burhan, e seu então número dois Mohamed Hamdan Daglo, conhecido como "Hemedti", comandante do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF).

Os militares divergem sobre os planos de integração das RSF ao Exército oficial, uma condição crucial do acordo final para a retomada da transição democrática no Sudão.

Al-Burhan e Daglo foram aliados no golpe de Estado em outubro de 2021, que derrubou o então primeiro-ministro Abdalla Hamdok e interrompeu um processo democrático iniciado no país dois anos antes, após décadas do regime ditatorial comandado por Omar al-Bashir. Nos últimos meses, porém, eles se tornaram inimigos públicos, com as tensões entre o Exército e as FAR aumentando à medida que se aproximava o prazo para a formação de um governo civil, focado na espinhosa questão de como o grupo paramilitar deveria ser reintegrado às Forças Armadas regulares.

Combatentes das RSF em veículos armados e caminhões com armas pesadas circulavam pelas ruas, enquanto caças do Exército sobrevoavam e atiravam contra alvos do grupo paramilitar, segundo testemunhas.

A força aérea e a artilharia dos dois lados bombardearam nove hospitais em Cartum. No total, 39 dos 59 centros médicos das áreas afetadas pelos combates estão fora de operações ou fechados, segundo fontes médicas.

Ruas desertas e lojas fechadas na capital do Sudão dominada pela violência

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Corpos nas ruas

Os civis que permanecem em suas casas estão cada vez mais desesperados diante da escassez de alimentos, dos apagões e da falta de água encanada. A esperança de retirada da cidade acabou na terça-feira, quando uma trégua humanitária de 24 horas não foi concretizada poucos minutos antes do horário previsto para seu início.

Milhares de pessoas começaram a abandonar suas casas na capital sudanesa, de cinco milhões de habitantes, nesta quarta-feira. Algumas em veículos e outras a pé, incluindo mulheres e crianças. As ruas estavam repletas de cadáveres, com um odor de decomposição cada vez mais intenso.

Muitos governos estrangeiros já começaram a planejar a retirada de milhares de expatriados, incluindo funcionários da ONU.

Jogador brasileiro no Sudão relata tensão em meio a conflito

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Voluntários e trabalhadores estrangeiros dizem que é difícil prosseguir com os trabalhos: três funcionários do Programa Mundial de Alimentos (PAM) morreram em Darfur e a ONU denunciou "saques, ataques e violência sexual contra os colaboradores".

Um comboio diplomático dos Estados Unidos também foi atingido por tiros na segunda-feira, e o embaixador da União Europeia (UE) foi "agredido sua residência" em Cartum. Já o diretor belga da missão humanitária da UE foi "hospitalizado" após ser baleado.

Após o fracasso da trégua, o Exército acusou a "milícia rebelde" de violar o acordo e de prosseguir com "os ataques ao redor do quartel e do aeroporto". O grupo RSF, por sua vez, denunciou o Exército por "violações" e por romper a trégua com "ataques esporádicos" contra suas forças e bases ao redor da capital.

Imagens de satélite exibem a dimensão dos danos, visíveis no interior da sede do Estado-Maior do Exército, no edifício dos serviço de inteligência ou em um estacionamento de camiões-tanque, que mostram apenas uma grande mancha preta. A energia elétrica e o abastecimento de água também foram cortados em vários bairros de Cartum, o que obriga os moradores a sair de casa nos momentos em que os combates diminuem para buscar alimentos e outros produtos.

—Nenhuma parte parece estar vencendo no momento e, levando em consideração a intensidade dos combates, as coisas podem piorar antes que os dois generais sentem à de negociações — alerta Clément Deshayes, da Universidade Paris 1.

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