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Por O Globo — Pequim

Durante o primeiro dia de viagem à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas ao uso do dólar como moeda global, em uma declaração que se assemelhou à do presidente russo, Vladimir Putin, quando recebeu o mandatário da China, Xi Jinping, em Moscou, no fim de março. Na ocasião, Putin afirmou que desejava usar o yuan chinês no lugar da moeda americana em acordos entre a Federação Russa e os países da Ásia, África e América Latina.

Lula, por sua vez, defendeu o fim da dolarização no comércio entre os países-membros do Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, em um discurso na cerimônia de posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em Xangai.

— Toda noite me pergunto por que todos os países precisam fazer seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer comércio lastreado na nossa moeda? Por que não podemos ter o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda depois que o ouro desapareceu como paridade? — disse Lula. — Por que um banco como o dos Brics não pode ter uma moeda para financiar relações comerciais entre Brasil e China, entre Brasil e outros países dos Brics? É difícil porque tem gente mal acostumada a depender de uma só moeda. E eu acho que o século XXI pode mexer com a nossa cabeça.

Apesar da fala defendendo o uso de outras moedas nas relações comerciais entre os países-membros do grupo, Lula pontuou que é necessário ter calma para promover tal mudança, embora a hesitação referente ao abandono da dolarização tenha outras causas.

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A declaração de Putin, por outro lado, reflete um movimento tanto de Moscou como de Pequim de buscar diminuir a dependência do dólar americano nas trocas internacionais e que se acentuou com a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

— Somos a favor do uso do yuan chinês em acordos entre a Federação Russa e os países da Ásia, África e América Latina— disse o presidente russo ao líder chinês há cerca de três semanas.

O comércio da Rússia com Ásia, África e América Latina passa de US$ 600 bilhões por ano, com alguns países dessas regiões registrando aumento acentuado após a invasão da Ucrânia. Com a África e a América Latina, por exemplo, as trocas comerciais são de ao menos US$ 30 bilhões ao ano.

Em março do ano passado, o Kremlin já havia determinado que as compras de petróleo e gás russos por países considerados "hostis" deveriam ser feitas em rublos, a moeda russa. Além disso, em setembro passado, na cúpula da Organização para a Cooperação de Xangai (OCX), a que tanto Xi como Putin compareceram, foi decidido que os países-membros (China, Rússia, Índia, Paquistão, Uzbequistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e Irã) iniciariam o preparo de condições para realizar o comércio regional em outras moedas que não o dólar, que desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, tem sido a âncora das relações econômicas internacionais.

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