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Por O Globo e agências internacionais — Moscou

O chanceler russo, Sergei Lavrov, começou nesta segunda-feira uma passagem de cinco dias pela América Latina, em busca de apoio à invasão da Rússia na Ucrânia. A primeira parada será em Brasília, onde se encontrará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de volta após sua passagem pela China e pelos Emirados Árabes Unidos e suas declarações controversas sobre o conflito.

Lavrov é um conhecido de longa data do presidente brasileiro — ele comanda a Chancelaria russa interruptamente desde 2004, ano em que Lula chegava à metade do seu segundo mandato. Quando chegou ao posto, já tinha uma longeva carreira diplomática, participando de negociações durante a Guerra Fria, o colapso soviético, a relativamente boa convivência com o Ocidente na virada do século e a guinada beligerante motivada pela ambição do presidente Vladimir Putin de uma "grande Rússia".

Ele nasceu em Tbilisi, atual Geórgia, em 1950, com o nome de Sergei Kalantaryan. Trocou, contudo, o sobrenome armênio de seu pai pelo nome da família de sua mãe russa, e aos 22 anos foi recrutado para o Instituto Estadual de Moscou para as Relações Internacionais, uma prestigiosa escola de formação de diplomatas.

Tecnocrata, excelente orador e dono de uma memória impecável, ele em 2009 chegou a participar de uma cerimônia com a então secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que buscava "resetar" o relacionamento russo-americano. Tem sido, contudo, um dos porta-vozes mais notórios e consistentes dos planos de um presidente que já afirmou que o fim da União Soviética foi a “maior tragédia geopolítica do século XX”, apesar de tudo indicar que talvez não faça parte do círculo mais próximo de Putin.

Nos anos 1980, se mudou para Nova York, onde trabalhou por anos na sede da ONU — e aprendeu a transitar bem em círculos ocidentais. Em 1992, aos 42 anos, foi nomeado vice do então chanceler Andrey Kozyrev, considerado o único ministro de Relações Exteriores reformista que o Kremlin já teve.

Dois anos depois, voltou à Nova York para comandar a missão russa nas Nações Unidas. Entre as idas e vindas, desenvolveu uma reputação de operador eficaz e um homem de princípios que, doze anos depois, lhe foi proveitosa no comando da política externa do Kremlin.

Em contraste com a sisudez de muitos líderes russos, tem um senso de humor irônico, pecha por uísques escoceses e é um fumante convicto que desafiava o veto ao cigarro na sede da ONU. Com alguma frequência, fazia piadas com jornalistas com um copo em uma mão e um cigarro na outra.

A mudança, segundo entrevistas dadas por análogos ocidentais ao longo dos anos, foi gradual — e críticos afirmam que não desenvolve uma política externa própria, seguindo à risca a linha do Kremlin. Além de defender a guerra e acusar seus críticos de intervir em assuntos domésticos russos, causou ira internacional em meio do ano passado ao comparar as ações do Ocidente contra Moscou às de Adolf Hitler contra judeus.

Foi alvo de sanções internacionais do Canadá, do Reino Unido, da União Europeia e dos EUA, onde está vetado de entrar desde fevereiro de 2022. Pode, contudo, voltar à sede da ONU, que apesar de estar fisicamente em solo americano, é considerada território internacional. Em setembro do ano passado, inclusive, encontrou-se às margens da Assembleia Geral com o então chanceler brasileiro Carlos França, reunião que causou mal-estar entre os europeus.

A sua relação com Putin, contudo, é uma incógnita, mas acredita-se que não esteja na alta cúpula. Há boatos, por exemplo, de que deseja há anos renunciar — vontade que teria se fortalecido após a interferência russa nas eleições americanas de 2016 —, mas que não o faz por temor de represália. Também há relatos de que teria sido surpreendido pela invasão na Ucrânia e escanteado da mesa de negociações, onde prevalecem figuras como o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e Alexander Bortnikov, chefe do Serviço de Segurança Federal da Rússia (FSB).

Além de inglês, russo e francês, Lavrov fala também cingalês, o idioma oficial do Sri Lanka, e diveí, o idioma das Ilhas Maldivas. Em um programa de entrevistas russo, disse que queria estudar francês e árabe na universidade, mas no primeiro dia do semestre descobriu que havia sido matriculado para estudar o cingalês — não à toa, sua primeira missão diplomática foi no país insular, onde passou quatro anos.

O chanceler russo é casado há cinco décadas com Maria Lavrova e tem uma filha, Ekaterina, também alvo de sanções ocidentais. Especula-se, contudo, que tenha uma amante de longa data chamada Svetlana Polyakova, que é atriz e dona de restaurante. Segundo o jornal Evening Standard, ela tem propriedades na Rússia e nos EUA que valem cerca de 13,6 milhões de libras (R$ 83,24 milhões).

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