Coroado no último sábado rei, Charles III é um velho conhecido das terras brasileiras. Ao longo das décadas, o hoje monarca do Reino Unido veio ao Brasil por quatro vezes enquanto era príncipe, e conheceu diferentes facetas do Brasil.
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A primeira vez que Charles esteve em solo pátrio foi em 1978. O então jovem príncipe de Gales, aos 29 anos, deu azar ao ter a vista do Corcovado atrapalhada por uma espessa neblina. No entanto, apesar de ter desembarcado no Brasil em março, Charles conseguiu realizar o desejo de conhecer o carnaval carioca em uma amostra quase que particular.
O então prefeito Marcos Tamoyo convidou a Beija-Flor para uma apresentação no Palácio da Cidade, em Botafogo. A escola havia conquistado um tricampeonato em fevereiro daquele ano sob o comando de Joãosinho Trinta, e escolheu 400 componentes para o mini-desfile pelos jardins do prédio oficial. O príncipe observaria tudo da sacada — ao menos era esse o plano.
Ao ouvir o som da bateria e a animação dos passistas, Charles quebrou o protocolo e desceu para o meio da avenida improvisada, rendendo a foto que marcou sua passagem pelo país, ao lado da baluarte da Beija-Flor, Pinah — que anos depois, virou verso de samba enredo da escola. Em entrevista ao GLOBO, ela lembrou o encontro com o príncipe.
— De repente me desce um cara desengonçado de terno, que começou a dançar. Ele deu a mão ao Joãosinho, que passou ele para mim. Nisso, eu dancei, mas sem ligar muito para quem era. Poderia ser um convidado, alguém da delegação — disse ela. — Eu dançava samba, ele dançava charleston. Foi super engraçado.
Uma viagem com Diana
Charles só voltaria ao Brasil 13 anos depois, em abril 1991. Ao contrário do solteiro convicto de outrora — que na primeira vinda, declarou a O GLOBO que não pretendia noivar ou se casar tão cedo —, o príncipe veio ao Brasil acompanhado de sua primeira esposa, Diana.
A missão oficial do príncipe e da princesa de Gales no país era promover a agenda ambiental junto ao governo do presidente Fernando Collor de Mello, uma vez que o Brasil sediaria, no ano seguinte, a ECO-92.
O roteiro foi mais longo desta vez. Charles e Diana cumpriram agendas em Brasília, Eldorado do Carajás (PA) e São Paulo, antes de se dividirem — a princesa foi para o Rio, enquanto o príncipe foi para o Espirito Santo.
Apesar do objetivo de focar na agenda ambiental, o que acabou se sobressaindo durante a viagem foram as aparições de Diana em escolas e instituições infantis. Em uma das cenas mais marcantes, a princesa pegou no colo uma criança com HIV, enfrentando um dos tabus da época, quando a discriminação contra a doença era ainda mais cruel.
Divorciado
Já separado de Diana, o príncipe voltou a terras tupiniquins em 2002 chegou ao país acompanhado de uma comitiva de empresários britânicos. Em Brasília, ele se reuniu no Palácio da Alvorada com o então presidente Fernando Henrique Cardoso e tratou de temas sociais, ambientais e comerciais.
Mais uma vez no Rio, Charles acompanhou projetos sociais no Morro do Cantagalo e em São João de Meriti, onde deu o pontapé inicial para uma partida de futebol e teve um pênalti defendido.
A última parada do príncipe foi em Palmas, no Tocantins, onde visitou projetos de promoção dos direitos humanos e de preservação ambiental apoiados pelo governo britânico.
Última vinda
A última viagem de Charles enquanto príncipe de Gales ao Brasil aconteceu em 2009, desta vez acompanhado pela hoje rainha Camilla. Os temas dos compromissos, assim como foi nas outras viagens, repetiram-se: meio ambiente, trabalhos sociais e samba.
No Rio, Charles se arriscou a tocar chocalho com músicos do complexo da Maré, e relembrou a dança com Pinah em 1978: — Eu me lembro de ter dançado uma versão rudimentar de samba com uma senhora dramaticamente seminua — disse.
Charles e Camilla também foram recepcionados em Manaus, assistindo a uma apresentação no Teatro Amazonas.
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