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Por The New York Times e Agências Internacionais — Kigali, Ruanda

Ao menos 129 pessoas morreram em inundações devastadoras e deslizamentos de terra causados ​​por fortes chuvas em Ruanda, disse o governo local nesta quarta-feira. Esse é o maior número de mortos em uma enchente registrado em um único dia na história recente do país. Famílias inteiras foram mortas, feridas ou desabrigadas e precisam desesperadamente de assistência. As chuvas começaram na terça-feira, mas moradores disseram que algumas pessoas ainda estavam presas em suas casas no dia seguinte, sugerindo que o número de mortes pode aumentar. As autoridades locais também alertaram que mais casas podem cair.

— Eu queria chorar, mas não conseguia na frente dos meus [três] filhos. Se você visse como as terras agrícolas foram destruídas, teria vontade de chorar — disse Martine Nsanimana, de 40, morador de um pequeno vilarejo no oeste de Ruanda cuja casa e terras agrícolas foram destruídas pelas enchentes.

Vídeos mostraram rios cheios de lama passando através de aldeias e ao longo de casas, e deslizamentos de terra e rochas descendo encostas em estradas, casas e infraestrutura. A maioria das vítimas foi registrada no oeste e norte de Ruanda, mas alguns danos também foram relatados no sul. Os distritos de Ngororero, Rubavu, Nyabihu, Rutsiro e Karongi, no noroeste, estão entre os mais atingidos, disse o governo do país.

— Muitas casas desabaram sobre as pessoas — disse François Habitegeko, governador da Província Ocidental de Ruanda.

Equipes de emergência foram mobilizadas para resgatar os atingidos pelas enchentes, ajudando os feridos e os que ficaram presos em suas casas.

Abril é tipicamente o mês mais chuvoso de Ruanda, mas mesmo para abril, este ano, as chuvas foram fortes. E embora a estação chuvosa geralmente comece a diminuir em maio, a previsão é de mais chuva nos próximos dias.

Especialistas disseram que o solo arenoso e o terreno nas áreas atingidas os tornaram suscetíveis a inundações e deslizamentos de terra.

Joseph Tuyishimire, pesquisador em geografia da Universidade de Ruanda, disse que as províncias do oeste e do norte costumavam ser florestas naturais, mas foram convertidas em áreas agrícolas e de assentamento, aumentando o risco de inundações.

— Se nada for feito para resolver esse problema ou realocar as pessoas dessas áreas, devemos esperar inundações letais consistentes — disse Tuyishimire.

Secas severas e fortes chuvas nos últimos anos têm sido letais

Nos últimos anos, em toda a África Oriental, muitas áreas, incluindo Uganda, Quênia e Somália, têm sofrido secas severas e fortes chuvas que matam muitas pessoas e danificam propriedades e plantações. Em 2020, enchentes mataram centenas de pessoas na região.

Nesta quarta-feira, a Cruz Vermelha em Uganda disse que deslizamentos de terra no país mataram seis pessoas.

No ano passado, um estudo descobriu que a mudança climática causada pelo homem tornou as chuvas fortes que levam a inundações mortais na África Ocidental 80 vezes mais prováveis. Os cientistas, que fazem parte do grupo World Weather Attribution, também descobriram que as fortes chuvas que causaram inundações catastróficas na África do Sul no ano passado foram duplicadas devido às mudanças climáticas.

Mouhamadou Bamba Sylla, um cientista de mudanças climáticas de Ruanda no Instituto Africano de Ciências Matemáticas e autor do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, disse que não poderia dizer com certeza que as chuvas de terça-feira estavam associadas às mudanças climáticas. Mas, em geral, observou ele, a mudança climática aumentou a frequência e a intensidade das chuvas extremas.

O governo de Ruanda prometeu fornecer assistência aos necessitados, e os esforços de socorro já incluíram ajudar a enterrar as vítimas e fornecer suprimentos para aqueles cujas casas foram destruídas, disse Marie Solange Kayisire, Ministra de Emergências, a repórteres.

"Minhas mais profundas condolências às famílias e entes queridos das vítimas dos deslizamentos de terra e inundações que ocorreram ontem à noite", disse o presidente de Ruanda, Paul Kagame, no Twitter. 'Estamos fazendo tudo ao nosso alcance para lidar com essa situação difícil", completou.

A casa de Nsanimana inicialmente resistiu às fortes chuvas na terça-feira, mas eventualmente a inundação causou graves danos à sua fundação, e ela começou a desabar. Ele decidiu mudar-se com a família para a casa do irmão no norte do país, mas não tem a certeza se terá condições financeiras para os mandar estudar lá.

— Agora estou pensando no que fazer a seguir. Eu nem sei — disse ele.

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