O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ofereceu a apenas dois chefes de Estado a recepção feita a Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, nesta segunda-feira no Palácio do Planalto. Outros três líderes que visitaram o Brasil desde a posse de Lula, incluindo o presidente Argentino, Alberto Fernández, foram recebidos com cerimonial mais modesto.
Preocupado com a grave crise econômica enfrentada por seu país e em busca da ajuda do Brasil, Alberto Fernández veio a Brasília em caráter emergencial. Em uma visita de trabalho, jantou com Lula no Palácio da Alvorada.
A chegada de Maduro, ao contrário, seguiu quase todos os trâmites de uma cerimônia oficial de visita de chefe de Estado. Só não foi uma visita de Estado porque o líder venezuelano, ao que se sabe, não visitou representantes dos três poderes — além do Executivo, o Congresso e o Judiciário. Porém, Maduro subiu a rampa presidencial do Palácio do Planalto, cercado por dragões da independência, como são conhecidos os soldados da guarda presidencial.
Lula recebe o chefe de Estado no topo da rampa e de lá os dois seguem para o Salão Nobre da sede do Executivo, onde tiram a tradicional foto do cumprimento. De lá, seguem para as reuniões agendadas.
Desde a sua posse, em 1º de janeiro, Lula recebeu apenas três chefes de Estado no Palácio do Planalto com esse protocolo: o Chanceler da República Federal da Alemanha, Olaf Scholz (janeiro), o primeiro-Ministro da Holanda, Mark Rutte (maio), e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Maduro participará da reunião de presidentes da América do Sul nesta terça-feira. Organizado por Lula, o evento será realizado no Itamaraty.
As reuniões com Lula que ocorreram nesta segunda-feira não estavam previstas e não foram comunicadas previamente pelo Itamaraty como geralmente ocorre com essas visitas oficiais. O governo brasileiro ainda ofereceu um almoço a Maduro no Itamaraty, o que também costuma ocorrer em visitas oficiais de autoridades estrangeiras.
Reuniões no Itamaraty
Desde o início do seu mandato, Lula também recebeu o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, e o primeiro-Ministro da República de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva. As duas autoridades, no entanto, foram recebidas no Palácio do Itamaraty e, por isso, não tiveram o mesmo cerimonial que Nicolás Maduro, Olaf Scholz e Mark Rutte. Além dos dois, Lula também recebeu Fernández com um jantar.
Cúpula de presidentes
Na terça-feira, Lula receberá no Itamaraty líderes dos 12 países da América do Sul. Na ocasião, segundo O GLOBO mostrou, o mandatário brasileiro deverá propor a criação de um mecanismo de integração, que poderia ser um organismo ou um fórum de debates.
A ideia é que os líderes da região discutam em conjunto medidas de integração, infraestrutura e cooperação em áreas como saúde, educação, proteção do meio ambiente, segurança alimentar e combate ao crime organizado nas fronteiras, sem colocar em pauta ideologias ou regimes políticos.
Maduro não vinha ao Brasil desde 2015
Maduro não vinha ao país desde 2015, quando participou da posse da ex-presidente Dilma Rousseff. Sua presença no país não era permitida desde agosto de 2019, quando uma portaria editada pelo então presidente Jair Bolsonaro proibia o ingresso no país do líder venezuelano e de outras autoridades do vizinho latino-americano.
No domingo, Maduro chegou à capital acompanhado da primeira-dama, Cilia Flores, e foi recebido no aeroporto pela secretária de América Latina e Caribe do Itamaraty, embaixadora Gisela Padovan.
Até o último dia do governo Bolsonaro, a diplomacia brasileira reconhecia o dirigente opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. O líder opositor chegou a ser reconhecido pelos Estados Unidos e mais 50 países, do início de 2019 até janeiro de 2023. Mas, após uma tentativa fracassada de tirar Maduro do poder a qualquer custo, o opositor acabou perdendo legitimidade interna e externamente. O Brasil era um dos poucos países que ainda o reconheciam.
No início de março, por iniciativa de Lula, uma pequena delegação liderada por Celso Amorim, assessor especial da Presidência, foi a Caracas para o primeiro encontro de alto nível do governo com Maduro.
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