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Por Eliane Oliveira — Brasília

Após passar por Argentina, Uruguai, Estados Unidos, China, além de Portugal, Espanha e Reino Unido na Europa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja o relançamento da política de integração Sul-Sul, que ele exercia nos dois primeiros mandatos. A expectativa é de que Lula viaje a três países africanos – África do Sul, Angola e Moçambique – em uma tentativa de mostrar que seu governo tem o continente como prioridade. Mas a lista pode ser maior e ainda está sendo fechada.

Se dependesse de Lula, o périplo pela região, que tem cerca de 1,3 bilhão de pessoas, aconteceria já no mês de maio. Porém, interlocutores do governo disseram que, por questão de agenda, é provável que a viagem demore mais um ou dois meses.

Promessa de campanha, o presidente costuma dizer que a retomada das relações entre Brasil e o continente africano é “uma reparação histórica, uma obrigação humanitária”.

Segundo resumiu uma fonte da área diplomática, com 53 países, a África é um continente promissor, com oportunidades e grandes contrastes. A África do Sul é uma das maiores economias da região, cliente de aviões da Embraer, mas enfrenta sérios problemas na área energética. Apesar dos elevados índices de pobreza, o Quênia tem cobertura de internet melhor do que no Brasil e Cabo Verde apresenta níveis altíssimos em educação.

O governo brasileiro quer aumentar os programas que existem na região, que vão desde a construção de bancos de leite humano e laboratórios de hemodiálise a tratamento de castanha de caju, cooperação em esportes e educação. Além disso, tanto econômica quanto politicamente, os africanos sempre foram grandes aliados do Brasil em temas internacionais, como clima e segurança alimentar.

Embaixadores de países africanos ouvidos pelo GLOBO comentaram que, desde o fim do segundo mandato de Lula, alguns projetos de cooperação continuaram, mas a intensidade e o calor da amizade entre Brasil e África esfriaram. Hoje há grande expectativa em torno de como ficarão as relações com Lula de volta ao poder. No Itamaraty, a informação é que o número de autoridades do continente que pedem audiências e reuniões com o chanceler Mauro Vieira e sua equipe cresceu exponencialmente.

Na visão de especialistas, a primeira coisa a ser feita, neste novo momento, é deixar de olhar a África como há 20 anos. É preciso entender que a região tem oportunidades em diversas áreas.

— Espero que tenhamos uma visão mais moderna da África. O Brasil ficou um pouco fixado na África da escravidão, do colonialismo, das religiões africanas perseguidas. Gostaria que o Brasil saísse de Zumbi dos Palmares e passasse para Nelson Mandela, para a África competitiva, que produz grandes talentos, e evoluísse para uma relação mais intensa com uma região com quem podemos fazer grandes negócios — afirma Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e na Argentina e, atualmente, conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

A cientista política Denilde Holzhacker, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), afirma que o Brasil negligenciou o relacionamento com os países africanos por uma série de razões: desde o governo Dilma a região deixou de ser prioridade. Agora, ressalta ela, é preciso olhar a África com uma perspectiva diferente.

— É preciso entender a África nas suas potencialidades. Tem países muito diferentes, com graus de estabilidade e desenvolvimento bem distintos.

Ela destaca que há países em que o baixo desenvolvimento é persistente, enquanto há outros que crescem e se integram ao mundo.

— O olhar do governo brasileiro tem de ser mais maduro — diz a cientista política.

Holzhacker reforça a informação de que há forte expectativa de vários países africanos, principalmente aqueles com menor índice de desenvolvimento, do Brasil como parceiro em cooperação e retomada de uma série de ações e cooperação em políticas públicas, sociais, educacionais.

— Do lado africano, há essa expectativa. Mas também há a expectativa do Brasil investidor — afirma.

A diferença entre esse périplo e os mandatos anteriores é que antes o Brasil competia com a China por espaço político e econômico no continente africano, com a presença de empreiteiras brasileiras na região. Praticamente não há mais exportação de serviços financiados pelo Brasil desde a deflagração da Lava Jato.

As construtoras brasileiras que ainda lá estão são financiadas por outros países, como os europeus. Com o aumento da presença do Brasil na África, voltará a ser usado um trunfo em relação aos chineses: ao contrário da China, o governo brasileiro não exige contrapartidas dos africanos. Na parte de bens, o comércio bilateral do Brasil com a África foi de US$ 21,3 bilhões em 2022.

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