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Por Maggie Haberman e Jonathan Swan, The New York Times — Nova York

Quando o promotor de Manhattan, o democrata Alvin Bragg, conseguiu o sinal verde para que o ex-presidente Donald Trump se tornasse réu criminal, os apoiadores do antigo mandatário se fortaleceram. Aliados do seu maior rival na busca pela candidatura republicana, o governador da Flórida, Ron DeSantis, marcam a denúncia como o momento em que o antigo ocupante da Casa Branca se distanciou do oponente nas pesquisas.

Ninguém ao redor de Trump faz previsões públicas ou privadas se um fenômeno similar ocorrerá após um júri civil determinar na terça que ele foi responsável por abuso sexual e difamação. O incidente teria acontecido nos anos 1990, mas sua acusadora, E. Jean Carroll, pôde processá-lo no âmbito civil depois de Nova York aprovar uma legislação para que vítimas de abuso pudessem abrir processos pedindo compensações por casos criminais prescritos.

O valor que Trump foi ordenado a pagar para Carroll foi de US$ 5 milhões (R$ 24,9 milhões), em um veredicto do qual ele prometeu recorrer. Mas se haverá algum custo político não está claro, contudo. Fontes afirmam que o republicano ficou furioso com a decisão e questionou várias medidas tomadas pela sua equipe de defesa.

O plano dos trumpistas parece ser atacar agressivamente as alegações de Carroll e vinculá-la aos democratas. Mas não há cenário em que o resultado do julgamento civil tenha sido algo positivo para o futuro do projeto no qual o ex-mandatário está mais centrado: a campanha presidencial de 2024. Ele é o favorito para abocanhar a nomeação de seu Partido Republicano.

Trump tem um histórico de décadas de comentários inadequados e misóginos — e enfrentou uma miríade de acusações de assédio sexual, tantas que provavelmente teriam sido a pá de cal na carreira de vários outros políticos. Mas uma maioria dentro do Partido Republicano praticamente ignorou as acusações contra o ex-presidente celebridade, considerando-as irrelevantes no processo decisório do voto.

Mas comentários e até alegações são diferentes do veredicto de um júri civil.

O primeiro teste real de sua resposta virá nesta quarta-feira, ao vivo e em rede nacional — uma conversa no estilo town hall, com a presença de eleitores que fazem perguntas, realizada pela CNN em New Hampshire. Haverá cerca de 400 pessoas que se identificam como republicanas ou independentes com tendências republicanas.

— Com seus próprios ouvidos, americanos ouviram em 2006 Trump se gabar em uma gravação sobre assédio sexual e ainda o elegeram — disse David Axelrod, que atuou como conselheiro do ex-presidente Barack Obama (2009-2017). — Dessa vez será diferente, ou seus eleitores simplesmente ignorarão [o veredicto] como mais um exemplo da perseguição do "Estado profundo" politicamente motivado do qual ele diz ser vítima?

Axelrod referia-se à gravação do programa Access Hollywood que veio à tona cerca de um mês antes da eleição presidencial de 2016. Nela, o então apresentador do reality show "O Aprendiz" comentava seus métodos de conquista amorosa, afirmando: "Agarre-as pela vagina” (grab’em by the pussy).

Alguns aliados de DeSantis creem que o escândalo do momento pode se provar diferente dos vários outros. Os senadores John Kennedy, de Louisiana, e John Thune, da Dakota do Sul, praticamente fingiram que não era com eles quando foram indagados por repórteres sobre o assunto. Entre os que defenderem publicamente Trump estão o senador Tommy Tuberville, do Alabama.

— Faz com que eu queira votar nele duas vezes — disse Tuberville ao Huffington Post. — As pessoas verão as entrelinhas — completou, afirmando que, "com um júri nova-iorquino, ele não tinha chance", referindo-se às tendências democráticas do estado do nordeste americano.

Poucos dos oponentes de Trump se mostraram dispostos a condená-lo abertamente, ao menos até agora. Apenas o candidato republicano Asa Hutchinson, ex-governador do Arkansas, emitiu um comunicado até agora.

"Ao longo dos meus 25 anos de experiência em tribunais, vi em primeira mão como um desprezo arrogante e petulante pela lei pode ser um tiro no pé", disse ele. "O veredicto do júri deve ser tratado com seriedade e é outro exemplo do comportamento indefensável de Donald Trump."

O ex-vice-presidente Mike Pence disse à NBC News que cabe ao público americano decidir se Trump deve ou não ser presidente novamente. Completou, no entanto: "só não sei se esse é o foco do povo americano".

Por anos, a estratégia de Trump para suas empresas e vida política foi se retratar como inevitável, dando a impressão de que oponentes e críticos não deviam nem se dar o trabalho de tentar desafiá-lo. Até agora, vem lidando com a primária republicana de 2024 da mesma forma, encorajado por seu bom desempenho nas pesquisas.

Ainda assim, seus críticos e alguns de seus aliados argumentam que os vários desafios jurídicos podem se provar um fardo pesado demais para carregar. Os conselheiros de Trump recentemente realizaram pesquisas extensivas para entender o qual profundamente tais imbróglios ressoam entre os eleitores das primárias, segundo pessoas ouvidas pelo NYT.

Alguns dos conselheiros do republicano ansiosamente antecipavam o veredicto antes mesmo de as deliberações do júri começarem. Um foi genuíno ao comentar que, apesar do alívio por Trump não ter sido considerado responsável da alegação de estupro, o resto da decisão "não foi boa".

Para Trump e seus aliados, descrevê-lo como a vítima de uma trama do "Estado profundo" orquestrada por seus oponentes governistas e pelo Judiciário pode ser algo complexo de fazer. Um júri civil federal de seis homens e três mulheres validaram as acusações feitas por Carroll, uma escritora que já foi fotografada com Trump em Nova York, mas que ele continua a dizer não conhecer.

Um dos aspectos mais comprometedores do julgamento foi o depoimento gravado. Pessoas próximas a ele reconhecem que seus comentários foram como um tiro no pé, e estão conscientes de que os democratas, em particular, podem usá-los em propagandas de televisão que seriam vistas por eleitores dos subúrbios há muito tempo alienados.

No depoimento, ele se aprofundou nos comentários feitos na gravação do Access Hollywood. Ao ser perguntado pela advogada de Carroll, Roberta Kaplan, se era verdade o que disse na gravação, que celebridades podem agarrar as mulheres pelos genitais, ele respondeu:

— Bem, se você olhar para os últimos milhões de anos, acho que é majoritariamente verdade — disse Trump. — Nem sempre, mas geralmente é verdade. Tristemente, ou felizmente.

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